28.1.11

Febre

A primeira vez que ouvi esta canção foi numa draga de sucção holandesa na Ria de Aveiro; era o quarto da noite (trabalhávamos 12 horas por dia, das 7 às 7, alternando semanalmente os quartos de noite e de dia). Deviam ser uma ou duas da manhã, e eu estava com o chefe de máquinas na messe. Não sei se imaginam o que é uma messe numa draga: um espaço de 12 m2 com um sofá, uma mesa e um fogão onde mal se podia aquecer café e no qual um dos tripulantes fazia os melhores nasi goreng e bami goreng que jamais comi. E não sei se imaginam o que é uma noite numa draga de sucção: uma embarcação que oscila em torno de dois eixos, e que vai avançando como se andasse com muletas, que vibra e oscila e faz um barulho infernal cada vez que a porta da messe se abre. Cinco mil cavalos (era uma draga pequena) a aspirar uma mistura de água e areia por uma extremidade, e a expulsá-los pela outra.

Aquela noite estava excepcionalmente calma - às vezes trabalhávamos as doze horas seguidas, para tirar a porcaria que cobre o fundo de um porto de pesca e entupia a boca de dragagem. E não havia nasi goreng - só o chefe de máquinas e eu, o eterno café e, de repente, vinda do nada, a voz de Peggy Lee a cantar Fever. Fiquei siderado, paralisado. O chefe de máquinas, com quem eu me dava extraordinariamente bem apercebeu-se e perguntou-me "É a Peggy Lee. Não conhecias?" "Nem a cantora nem a canção", respondi quando finalmente consegui dizer qualquer coisa.

Foi há muito tempo. Foi ontem.



Pouco tempo depois comprei dois ou três LP da cantora, e ouvia coisas assim:



Mas nenhuma, nunca, chega aos calcanhares de Fever.

Critérios

Uma pessoa sabe que está na hora de se ir embora de um sítio quando deixa de gostar da cerveja local.

Resumo

Dia 10 de Outubro apanhei um avião da TACV para ir ao Brasil buscar uma embarcação de vela; a qual devia levar de seguida para Portugal, fazendo assim uma viagem com a qual sonho há muito tempo: atravessar o Atlântico (à vela) no sentido Oeste - Leste. Por razões diversas essa viagem atrasou-se e, em vez de regressar à Europa e lá esperar que o barco ficasse pronto resolvi vir para as Caraíbas - realizando assim um outro sonho, ainda mais antigo: vir por terra do Brasil à Guiana Francesa.

Escolhi viajar como "antigamente": camionetes, pensões baratas (podia haver uma vírgula entre "pensões" e "baratas") e, sobretudo, a passagem mágica de barco entre Belém do Pará e Macapá - 24 horas pelo delta do Amazonas que só por elas justificam não ter voltado para Lisboa.

A ideia original era chegar a Trinidade e aí embarcar para as Antilhas; mais uma vez por razões diversas acabei por apanhar um avião e vir directamente para a Martinique, onde não vinha há 27 anos.

A partir do Marin - o porto no sul da Martinique para onde se transferiram todas as actividades da náutica de recreio desta ilha - embarquei algumas vezes (não tantas quanto teria desejado), conheci ilhas como St. Kitts e St. Martin, voltei a Grenada, onde estive pela primeira vez em 2004, encontrei pessoas com quem liguei laços de amizade fortes.

Hoje estou de novo no Marin, onde espero conseguir uma equivalência entre o meu curso e as exigências da legislação francesa; tenho um círculo de amigos e uma vida social; actualizei os meus conhecimentos sobre o mercado do aluguer de embarcações de recreio. Daqui a três semanas começo um trabalho de skipper que vai ser o culminar desta experiência. Uma vez terminado esse serviço regresso ao Brasil para ir buscar a embarcação que me fez, em Outubro de 2010, apanhar uma avião da TACV, ver uma jovem senhora no aeroporto do Sal que parecia saída de um livro do Corto Maltese e trazia ao peito um badge que dizia "Temporário", para o qual todos os homens olhavam como se fosse uma promessa e não uma informação, dormir num backpackers de Belém onde conheci duas alemãs que davam aulas na Universidade local sobre "climate changes" (não sabia que já era tema de aulas nas Universidades), comprar um hamac para dormir no barco entre Belém e Macapá, aborrecer-me mortalmente em Cayenne, apanhar um arraial de pancada entre Grenada e Bequia num catamaran de 40', viajar num super-iate de 82' entre o Marin e St. Martin, conhecer uma velejadora solitária de 66 anos, um skipper filipino de 33, um casal dono de um pequeno teatro em Avignon, um francês cuja única actividade na vida parece ser construir um muro à sua volta para se refugiar sabe Deus de quê, e, sobretudo, descobrir que ao contrário do que pensava não perdi a capacidade de ser feliz.

Uma linha recta talvez seja o caminho mais curto entre dois pontos; não é de certeza o melhor.

Don't look back



Derivado a um post recente daqui.

Jantar de aniversário

Comecemos pelo jantar: três cebolas médias picadas, duas embalagens de bacon cortado aos cubos, uma metade de um enorme de ramo de salsa a refogar num bocadinho de azeite, muito tempo, muito devagar, muito ternamente. Isto feito, juntaram-se dois quilos de lulas cortadas em rodelas e uma garrafa de vinho branco e deixou-se cozer, devagar, outra vez muito devagar. No fim juntaram-se batatas cortadas aos bocados. Oito pessoas regalaram-se, e não sobrou praticamente nada, o que demonstra que um quilo de lulas dá para quatro pessoas.

O apartamento é um estúdio com vista para a Marina e para o cul-de-sac. tem um charme indescrítivel, com as suas janelas por onde o vento entra como se estivesse à procura de um refúgio, as escadas "medievais", como lhes chama o Ricardo, o terraço encastrado entre duas paredes - tudo isto a um preço mais do que aceitável.

Éramos oito: o aniversariante, Ricardo, arquitecto argentino reconvertido em fabricante de colares e anéis artesanais, armador do "LUCERO", um soberbo plano Frers (pai) com 54 anos (a embarcação; a idade do Ricardo permanece indefinida); Aurora, uma navegadora argentina que aos 66 anos parece ter 50 e se prepara alegremente para atravessar o Atlântico sozinha; e Jimena, outra arquitecta argentina, muito bonita e doce, com o seu recém-namorado Eric; François, ex-restaurador em Paris (um restaurante de luxo, imaginem a tensão em que eu estava) com a sua mulher venezuelana; e Jo, uma jovem francesa que às vezes parece um uma ave ferida e outras exala uma energia capaz de mover montanhas.

Foi uma noite boa, com gente boa. Obrigado, Ricardo, uma vez mais. E parabéns, uma vez menos.

25.1.11

Morues

"Et je sais de quoi je parle; je viens d'un pays de morue". Os olhos brilham-lhe, não por causa do elogio ("Les meilleures accras de morue que j'ai déjà mangé") mas porque não há ser tropical que resista a uma referência marota. Mas é verdade: as accras de bacalhau do restaurante A la Maison, sito no Mercado Coberto do Marin, são as melhores que jamais comi. 

Homens

Apresentem-me um homem que consegue viver com uma mulher que o humilha e eu dir-vos-ei "não é um homem, é um pano para limpar o chão". Deve ser por isso que o chão de certas casas esta tão limpo.

F. - Breve e fragmentada biografia

Ainda hoje se está para saber se F. tinha aquilo a que, muitos anos mais tarde, se viria a chamar "uma visão integrada do mundo": um conjunto coerente de ideias sobre a luz, o mar, o amor ou, por exemplo, um arco-íris que por vezes via de manhã, redondo e perfeito como a vida de alguns santos, e suspeito (de falsas promessas) como as de algumas putas. Que pensava ele das montanhas verdes e crespas como o cabelo de um negro que lhe enquadravam os dias? Veria uma relação entre elas e o enorme vazio do céu, que hoje está, por exemplo, de um cinzento incolor e sem sombra de sombra como alguns futuros, e muitos passados? Que pensava F. da empregada de bar pequena e empertigada, magra e malcriada a quem um dia oferecera uma cerveja para que "engordasse um bocadinho e se tornasse enfim fodível" (esta história, provavelmente apócrifa ainda hoje percorre os bares da América Central)?

F. tinha opiniões formadas e firmes sobre algumas coisas: as senhoras passam à frente nas portas e atràs nas escadas, por exemplo; um cabo empandeira-se de uma determinada forma e não de outra; vento forte é melhor do que ausência total de vento; mais vale amar do que ser amado ("é mais fácil, ao contrário do que parece, e menos sujeito a erros", explicava).

Apesar disso a dúvida permanece: teria F. uma visão integrada da vida?

Pessoalmente duvido. E se tinha tentava (e conseguia) de tal forma dilui-la numa mistura aleatória de vinho, cerveja, rum, whisky e sexo (em doses extremamente desiguais) que era como se não tivesse.

Quando uma mulher o atraía F. criava, isso está mais do que estabelecido, a ilusão de ter essa tal coisa da visão "integrada". Numa mulher com nome de flor, por exemplo, via um tratado de botânica, um compêndio de metafisica e um manual de química pura; numa outra com nome de rainha via um futuro claro como cristal e um presente negro como um poço num dia de chuva. ("Quando cessará o presente e começara enfim o futuro?", perguntou-se um dia. Para F. presente era o que via do seu cubículo estreito com um pequeno guichet, frente ao qual desfilava o tempo e aquilo a que um jovem jornalista chamou, um dia, "vida". F. vivia na bilheteira de um teatro, e nenhum jovem jornalista resiste a um bom cliché).

As diferentes vidas de F. - nao me refiro às diferentes componentes da sua vida, refiro-me às suas diferentes vidas (por exemplo: social, afectiva, profissional) - eram, ou pareciam, caóticas, complexas, fragmentadas. Terá ele conseguido integrá-las, ele que tanto desejava dar-lhes uma unidade coerente, sólida, direita como o mastro de uma embarcação de vela ou o membro erecto de um homem?

Ainda hoje não se sabe. F. nutria pelas mulheres um amor constante e uma atracção irregular; vivia por vezes na paisagem e doutras não se apercebia sequer da existência de um mundo exterior; um dos seus magnéticos sorrisos tanto podia ser dirigido à pessoa com quem falava como a uma longínqua memória que lhe tivesse aflorado a mente.

F. morreu ontem. Não deixou nada escrito; e como nos últimos meses se recusou a dirigir a palavra a quem quer que fosse - uma pedra no caminho arrancava-lhe mais palavras do que a presença dedicada da sua irmã, que vagamente entrevia (e claramente ouvia) à cabeceira da cama; dos seus colegas e inúmeros amigos - tão pouco se lhe recorda uma afirmação, uma opinião, uma pergunta, uma dúvida.

Sabe-se que F. integrava em duas categorias distintas as mulheres magras com grandes seios e as gordas com eles pequenos, como se não fossem da mesma espécie (o que apesar de tudo lhes conferia uma certa unidade, um eixo comum horizontal - as mamas - e outro vertical: o desejo, de passagem se diga). Conheciam-se ainda de F. as opiniões sobre o vento ideal - superior a quinze nós e inferior a trinta e cinco; o mar - deve ser mais quente e mais azul do que o ar; as nuvens - "cumulus bom, tudo o resto mau", sintetizava. Sabemos igualmente que preferia as mulheres de olhos abertos às que os usam fechados, mas ainda não sabemos a que chamava "olhos abertos".

Nutria bastantes dúvidas sobre a capacidade desalterante da agua; gostava de ler (mas passava por vezes meses seguidos sem tocar num livro, para logo de seguida ler quatro por semana).

Como unificar tudo isto?

As dezenas de biográfos de F. (um grupo heterogéneo que incluía as mulheres, os primos, os irmãos, alguns amigos e quase todos os inimigos) tinham opiniões divergentes.

F. escrevia e por vezes falava na rádio ou na televisão, mas tentava economizar o que dizia. "Só há duas coisas que merecem e devem ser poupadas, porque são os únicos luxos: a água doce e as palavras". Percebia claramente a relação entre o sexo e o aparecimento posterior de crianças ou chatices. Ou entre o vento e o movimento de alguns corpos; entre o som e o movimento de outros; mas teria por exemplo percebido a relação entre o vento, o som e o amor? Nada é menos seguro.

E que pensava ele da relação, hoje estabelecida como inevitável, entre o desejo, o acto sexual e o amor? Não sabemos. Tão pouco sabemos se reconhecia o fastio como um dos possíveis motores do desejo.

F. morreu jovem, pouco mais de cinquenta anos. Mas teria tido tempo de deixar obra: uma biografia, um panegírico, uma explicação, uma visão, uma (ou várias) listas.

Não deixou.

22.1.11

Gentileza

Regresso do mar. O balanço continua por quase duas horas. É uma gentileza que ele me faz, para que a transição não seja demasiado brusca.

Uma explicação, pf

Não percebo porque há tanta gente de esquerda a dizer que não vota. Bolas, têm seis candidatos e nenhum lhes serve (enfim, cinco e um palhaço, coisa que de costume apreciam)?

Sonho, metáfora

Hoje tive um sonho no qual (passo muitos pormenores) perguntava a uma senhora, sentada num avião, para onde ia ele, o avião. "Não sei, respondeu-me". "Não sabe para onde vai?", insisti, incrédulo. "Eu sei para onde vou, mas não para onde vai o avião".

Se isto não é uma das melhores metáforas da vida que jamais vi não sei o que é.

19.1.11

Idade e corpos Danone

I. não é tão vulgar como a outra, mas não anda longe; e é infinitamente mais bonita. Hoje tem umas calças que lhe deixam metade das nadegas à vista. A primeira vez que falei com ela explicou-me longamente um problema que tinha com as sobrancelhas; a segunda, falou-me dos dentes e dos cabelos. Confesso que nada percebi nem de um, nem dos outros. Há pouco disse-me que gostava de homens mais velhos, e gordos. Felizmente sou magro e jovem.

Vontade, desejo

O desejo não é senão uma parte da vontade, uma das suas componentes. Por vezes pensamos que tem um peso excessivo, desproporcionado. Não é verdade: quando há um conflito, é quase sempre a vontade que ganha; e só raramente o desejo. 

Humanismo

"À minha maneira sou um humanista. Ou melhor: era", disse. Perante o meu olhar interrogativo, explicou: "Para saberes como são as coisas feitas tens que as destruir, não é? Pois o mesmo se passa com as pessoas. É matando-as que as conheces". F. era um antigo assassino, agora refomado numa aldeia piscatória da Guatemala. Estávamos a beber rum - foi o que nos fez falar um com o outro - e a conversa continuou pela noite dentro. No dia seguinte tive uma certa dificuldade em falar com ele outra vez; o que não lhe escapou. Pretendi que estava de ressaca. Fui-me embora dias depois. Quando fazia o saco encontrei uma bala misturada na roupa; tinha uma etiqueta agarrada: "Enciclopédia das emoções humanas, versão condensada".

Retratos

A mulher é ordinária, vulgar como só as venezuelanas o sabem ser, quando querem. Tem um rabo saliente, tão saliente que as alças dos calções não lhe tocam nas costas. Vão directamente para os ombros, como duas pontes sobre o deserto.

17.1.11

A ténue linha encarnada

É muito ténue, a linha que separa um jovem deus de um palhaço. Partilham muitas coisas, perigosamente.

14.1.11

Vidas, almas, luz e outras coisas

Filigrana e camiões

Há pessoas assim: dão-te vontade de as seduzir porque se lhes tocas elas desfazem-se. Acordam o joalheiro que há em em ti. Já à outra seria o camionista que acorreria.

É uma coabitação difícil, mas infelizmente impossível de desfazer.

Um video interessantíssimo sobre Jerusálem

Cavaco e o mistério do Mar

O interesse de Cavaco Silva pelo mar é indubitável e não é recente. Foi, por exemplo, graças a ele que a vela olímpica se desenvolveu em Portugal (se bem agora alguém devesse completar o trabalho e perceber que a vela olímpica é o princípio, e não o fim da linha). Mas esta ideia tem de ser muito bem debatida. O mar é transversal, e encerrá-lo num ministério talvez não seja a melhor via. Isto dito, tão pouco se deve deitá-la fora presto.

"Cavaco defende criação do Ministério do Mar"

Quem manda

Nem Deus nem os deuses existem. Se existissem, não durariam muito: a realidade encarregar-se-ia depressa de lhes mostrar quem manda.

Os jovens deuses e a cera

Todos os jovens deuses têm problemas; infelizmente não o podem saber: deixariam de ser deuses.

Um dia aprendem, dolorosamente, que não é só na mitologia grega que a cera derrete.

Sonnent les matines

Primeiro, as boas notícias;
Infelizmente disse;
Bombeiros pirómanos;
Uma estranha concepção do patriotismo;
- O que há para dizer.

13.1.11

Olhar

Este gajo não me tira as mamas dos olhos. Que merda, estou farta deste olhar, como se estivesse a tentar descobrir vida num planeta a dez mil anos-luz. Não percebo por que raio de carga de água olha ele tanto: sou bonita, eu sei, com uns grandes olhos verdes e ar patrício, nobre; todos me dizem isso. Mas tenho umas mamas minúsculas, e é para elas que ele olha. Os homens são uns chatos, com as mamas. Quando são grandes é a maternidade, e mais tretas; quando são pequenas é porquê?

- Porque, minha querida Marianne, são um desafio: perguntamo-nos até onde as conseguiríamos fazer crescer, se as tivéssemos à mão.


GP - breve auto-descrição em poucos parágrafos

Este post é uma breve auto-crítica, inspirada nas minhas experiências (falhadas, todas elas) como gestor português (GP). Ao fim do décimo quinto falhanço fiz uma análise sobre as suas (deles, falhanços) razões e cheguei a estas conclusões. Perdoem-me a generalização: a verdade é que me apercebi que não estava sozinho na minha desgraça; e, sobretudo, que aquilo que me distingue dos outros GP é o nível dela (desgraça), e não, ao contrário do que sempre pensei, a sua constante presença em mim e ausência nos outros. Claro que a maior parte destas características não são exclusivas dos gestores, nem dos portugueses; mas o post é dedicado ao gestor português tal como fui e o vejo.

Note-se que para se ser um bom GP deve ter-se estas características todas simultaneamente. Um GP que tenha apenas algumas delas não passa de um GP suficiente, ou de medíocre se tiver só uma ou duas.

Erro
A primeira característica do gestor português, que o distingue de muitos outros é a relação com o erro.

Quando se aponta um erro a um GP ele toma aquilo como uma afronta pessoal, uma crítica essencial à sua excelsa e intocável pessoa. E defende-se, claro: "não foi um erro porque..." e desfia um rosário de argumentos para demonstrar que tem razão.

Ora os erros são inevitáveis (toda a gente os comete, menos o Papa e a Palmira Silva - [andam sempre juntos, no meu espírito]), cometidos de boa fé - um erro voluntário não é um erro - e, sobretudo, são uma inesgotável fonte de aprendizagem. Reconhecer um erro permite-nos não só evitar repeti-lo mas também, e sobretudo, aprender a evitar outros, pois diz-nos bastante sobre nós próprios. O GP não comete erros, portanto não os pode analisar, e está condenado a repeti-los.

Custos
Outra característica do GP é a sua mais do que legítima preocupação com os custos. O GP corta os custos todos que pode. Por vezes a poupança de meia dúzia de cêntimos custa-lhe largos milhares de euros, mas isso o GP não vê, pela razão exposta no parágrafo anterior.

Pessoal
O GP sabe tudo; e o que não sabe aprende em três artigos de jornal e duas conversas de café. Não vai, claro, gastar dinheiro (cf. "Custos") a aprender, e muito menos a contratar pessoal que saiba. Alguém que sabe é caro, naturalmente - e, sobretudo, inútil, pois se o GP não comete erros, para quê contratar quem, inevitavelmente, os vai fazer?

Para o GP, a única área de conhecimento verdadeiramente profunda e complexa é a que ele próprio e eventualmente, se for caso disso, o pai estudaram. Todas as outras são coisas pouco relevantes, que num piscar de olhos ele conseguirá absorver.

Empatia
A capacidade de empatia de qualquer GP é zero, por várias razões; a principal sendo que o mundo do GP é uma pirâmide da qual ele ocupa o topo; todos os outros habitantes dessa pirâmide estão, portanto, debaixo dele - e sentir empatia por quem quer que seja que seja hierarquicamente inferior arrasta imediatamente os parentes do GP para a lama.

Alguns GP, poucos, reconhecem que há outras pirâmides por esse mundo fora e escolhem uma de duas reacções possíveis: ou vêem que as outras pirâmides também têm um GP sentado no topo, e fazem o que podem para se darem com ele (pode sempre vir a ser útil e não é caro, apesar de o outro fazer de vez em quando alguns erros); ou pensam que essas pirâmides são ilusões de óptica e tratam-nas como tal.

Risco
Muita gente pensa que ser gestor é gostar do risco, apreciá-lo, medi-lo, e de vez em quando correr alguns riscos, ou tomar decisões arriscadas.

Está, qualquer GP lhes explicará, redondamente enganada. O risco é para os totós dos americanos ou dos ingleses. Um GP pura e simplesmente não corre riscos e só investe em coisas seguras - pouco, e com o apoio do Estado. O apoio do Estado está para o GP como o Papa para a Palmira Silva [ooops, lá vai outra vez. Sorry].

Decisão
Tal como o risco, muita gente pensa que se escolhe ser gestor porque se gosta de tomar decisões. Isso é verdade em alguns países cujos gestores são, nunca é de mais lembrá-lo, totós - Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Suiça - mas não para o nosso glorioso GP.

Tomar uma decisão rapidamente é reconhecer à realidade a força que ela tem, e na pirâmide do GP não há lugar para "realidades"  (entre aspas, pois realidade é uma coisa confusa que só existe noutros países. Em Portugal a realidade chama-se Estado, nuns casos, ou "eles" noutros, mais numerosos). O GP mostra a sua grandeza, a sua categoria, a sua divina qualidade não tomado decisões. Elas que se tomem a si próprias, se quiserem.

Comunicação
O GP comunica bastante - com a mulher, a amante, a oficina do BMW e com os amigos sobre futebol. Todas as comunicações provenientes da parte da pirâmide que não é ocupada por ele são descartadas, porque inúteis ou redondantes.

Visão
Apesar de bastante viajado - todos os anos vai "à neve", ao Nordeste e já foi uma vez à República Dominicana - o GP tem uma visão bastante local da sua actividade. Qualquer GP decente e normal ignora pura e simplesmente que há um mundo para lá do Guadiana (há excepções, claro - os que estendem os limites do mundo até aos Pirinéus; e os que se lembram, em fugazes lampejos, que Angola já não é nossa).

Em termos temporais, a visão do GP está limitada ao próximo jogo do seu clube de futebol. Até lá é uma eternidade; depois, é a eternidade.

Receios
O GP não tem medo de nada; armado com a sua infalível sabedoria, cortando custos como D. Afonso Henriques cortava cabeças, com uma visão claríssima daquilo que vai fazer nos próximos 5 minutos, protegido do risco como um rinoceronte dos mosquitos, só há uma, uma só coisa que o GP teme: a megalomania.

Para um GP a megalomania é o pecado capital: pensar grande, olhar para o futuro, arriscar, tomar decisões, ouvir as pessoas, formar equipas para concretizar um projecto são inequívocos sintomas de megalomania, e convem abrigar-se deles ASAP (esqueci-me de dizer que o GP fala um perfeito inglês comercial - o técnico fica para os PP, tema que em breve abordaremos). 

12.1.11

Milagres

Gosto de confirmar as coisas que já sei; é sempre bom pôrmos as nossas convicções à prova. Por exemplo: sei que não há milagres. Por isso tento fazê-los todos os dias; ou esperar que aconteçam.

11.1.11

De que falar, quando há tanto de que falar?



Recentemente fiz três jantares improvisados (polvo guisado, frango cozido e caril de atum) e um (Colombo de porco) que foi muito bem planeado. Todos receberam cumprimentos dos destinatários, excepto o caril, que estava medíocre; dei andamento a um projecto antigo, que me consumiu pouco mais de um ano de vida e me deu, em troca, um oceano de amargura; apercebi-me de muitas coisas boas e outras menos boas - por exemplo, posso passar por baixo de escadas, porque no fundo tenho muita sorte, o que é bom; e não sei dar nós com uma mão apenas, e amarrada atrás das costas, o que é mau. Descobri teorias da conspiração que roçam o sublime, de tão idiotas; que percebo um bocadinho de algumas coisas e muito de duas, só - o mar e tu (felizmente são as mais importantes, pelo que não me queixo de serem tão poucas). Confirmei que a esperança é a melhor coisa que Deus (ou a evolução, para o caso de algum ateu militante ler isto) nos deu, para além de dois ou três orgãos - entre os quais se conta o cérebro, apresso-me a acrescentar, não vá alguém deduzir ilações erróneas. Descobri que alguns barcos à vela (e outros a motor) são a coisa mais bonita que o homem jamais fez, incluindo os quadros de Mantegna e Caravaggio, e que o ilimitado poder de atracção do mar vem do facto de ele não exigir uma fidelidade absoluta - sabe que com ou sem ela a ele voltarei, sempre; emocionei-me com a carta de um amigo, pensei que gosto do vento e lembrei-me de que quando ele me acaricia penso em ti;  perguntei-me de onde vem este gosto imoderado por tudo o que é humano e achei, enfim, que o melhor é não falar de nada.

10.1.11

Tele-jugulo-economistas

"A vida está difícil para os tele-economistas", diz um dos lídimos representantes da Jugular School of Economics. É mais ou menos óbvio, não é preciso ir à Universidade, que a situação económica em Portugal é fantástica, e que temos vindo a convergir com a "Europa" a uma velocidade estonteante. Basta olhar à volta. A razão pela qual as pessoas emigram deve-se portanto, sem dúvida, à "convergência": os emigrantes têm medo do choque que Portugal vai fazer quando se encontrar com os outros países "europeus" e protegem-se.

Como é evidente que Portugal não está cada vez melhor e que os "Amigos de Sócrates" não são todos idiotas, só se pode concluir que para eles Portugal está melhor. Outra conclusão que qualquer observação empírica de realidade portuguesa confirma. Infelizmente, os "Amigos de Sócrates" são um clube bastante fechado, e a maioria da população portuguesa está impedida de a ele pertencer.

A resposta é:

É.

Fragilidades

É espantoso o que algumas mulheres, que nos levaram meses a seduzir, se revelam frágeis uma vez conquistadas; ou, ao contrário, outras se revelam fortes após um brevíssimo prelúdio. Não tenho, infelizmente, amostragem suficiente para fazer estatísticas - não sei se conquistamos as mais fortes mais depressa, ou menos; mas pergunto-me se connosco se passa o mesmo, para elas (isto, claro, deixando de lado questões metodológicas, hermenêuticas, semânticas e outras, irrelevantes porque o DV não é um blog científico)?


Não nos podemos queixar de tudo

Viver num país do terceiro mundo tem algumas vantagens, inequívocas e irrecusáveis.

"Dez radares não funcionaram e ninguém revela quantas multas foram cobradas".

8.1.11

Futuros e corpos

Era uma gaja franzina, de cabelos curtos espetados como os espinhos de um ouriço. Encontrei-a num bar da Nova Zelândia, um daqueles bares em que se juntam a malta dos livros e a do desespero. Antigamente havia um assim, em Lisboa. Chamava-se Bolero, creio. Era no Martin Moniz; eu gostava de lá ir, de madrugada. Bebia aguardentes e ouvia disparates, uns bons e outros maus. Foi disso que me lembrei, quando ela me disse "não tenho futuro, mas até agora não me têm faltados corpos. Prefiro um presente povoado a um futuro deserto". "E não tens medo de ter os dois?", perguntei-lhe. "Tenho", respondeu.

Expressões

Exprimo bem o que sinto, e mal o que penso; talvez sinta melhor, repara, do que penso. Não sei. Não quero saber. Tu fazes-me sentir como ninguém jamais fez. Deixemos o pensar para depois, pode ser? Não fales, não oiças. Fecha os olhos, os teus e os meus.

O que sobrar é o que importa.

Nouméa

Isto fica por aqui, minha querida. Não vale a pena tentares-me com essas mamas das quais me lembro como meloas maduras no verão, sumarentas e doces; nem com os beijos ávidos com que me percorrias o desejo. Fica por aqui. Passsámos três anos juntos, não foi?, três anos durante os quais demos aos corpos mais do que eles podiam digerir. "On s'est gavé de nous mêmes", como gansos sôfregos, e agora chega. Há muito tempo, aliás. Vou-me embora. Amanhã parto para Nouméa. Chego daqui a dois meses.

Telefono-te quando chegar.

Censura

Há uma tentação totalitária, fascistóide, censória no homem. Da qual o caso grotesco de Huckleberry Finn é apenas mais uma manifestação.

6.1.11

Parabéns

Ao Delito de Opinião, que faz dois anos e parece que existiu sempre.

BPN, ou: Indigência

Cavaco Silva, foi, quanto a mim, uma fraude enquanto primeiro-ministro. Isto é, entendamo-nos: foi de longe o melhor PM que Portugal teve nos últimos anos; mas mesmo assim esteve muito longe de ser um bom PM (talvez tenha sido o PM possível, mas isso é outra história). À primeira vista poderia parecer estranho que as pessoas que o atacam prefiram usar o BPN às suas falhas enquanto PM, mas não é: todos temos tendência a julgar os outros pelos nossos próprios parâmetros, e quem passou os últimos 15 anos, ou lá perto, a transformar o país num regabofe vai, claro, identificar o que lhe está próximo, o que identifica como causa. Não tendo uma única ideia para Portugal, não é capaz de criticar ideias; nada tendo feito, não sabe distinguir quem fez; tendo-se alambazado de uma forma que na maioria dos países seria passível de julgamento olha para aquilo que lhe parece familiar.

O que não consigo - e tenho tentado - compreender é como é que um partido cujo líder está envolvido nos escândalos em que este esteve; como é que o partido dos Rui Pedro Soares, de Vara, dos robalos, das chefias aumentadas retroactivamente para evitar os cortes de salário decididos pelo Governo que dele emana, da ampliação do terminal de contentores de Alcântara tem lata para criticar Cavaco Silva por causa de uma coisa cuja ilegalidade ou - é importante - ilegitimidade não resistem a dois segundos de análise.

É que não há um negócio, um, analisado pelo Tribunal de Contas que saia com uma aprovação límpida e clara; e chateiam que compra e vende acções de uma empresa, e ganha dinheiro com isso. Prefeririam talvez que o perdesse - assim estaria mais em linha com o que este grupo de incompetentes faz ao país (mas não a si próprio, verdade seja dita).

Adenda: "Ora, sabe-se, por investigação jornalística, que o cidadão Cavaco Silva e família investiram mais de trezentos mil euros em acções da entidade proprietária do BPN, tendo em pouco mais de um ano auferido lucros de 140%! Cavaco vai ter de explicar como isto foi possível." (Via Jugular)

É verdade que vai ser preciso explicar bem explicadinho. Afinal Rui Pedro Soares ganhou muito mais e investiu muito menos. Para dar um exemplo, só um. Há mais.

5.1.11

S/Y "NO NAME"

O "NO NAME" é um trimaran desenhado por Roger Hatfield, um grande especialista dos multicascos. Quando foi construído o "NO NAME" era o 8º de uma série de sister ships. É um plano de 1985, e fartou-se de ganhar regatas.

Hoje é uma beleza nostálgica cujas soluções deixam por vezes perplexo, e outras - por exemplo, a retrete, um simples buraco sobre o mar, como no tempo das Descobertas e antes disso ainda e depois também - maravilham, pela irrecusável beleza da simplicidade .

Foi o último, e é o único da fratria que ainda navega. Os multicascos daquela altura tinha o hábito triste de se voltar (não eram só os trimarans; os catamarans também. O NO NAME também se virou, mas foi durante um ciclone, num porto, e foi recuperado). O barco é uma beleza, parece uma manta que pôs um dedo na água para lhe avaliar a temperatura e a achou demasiado quente.

O armador planeia fazer-lhe alguns trabalhos: aumentar o volume dos flutuadores para lhes aumentar a flutuabilidade; refazer o interior todo; substituir o patilhão por uma quilha fixa - um programa simples.

Há barcos que pura e simplesmente nunca serão feios. São incapazes de fealdade. O NEW NAME é mais do que isso: é incapaz de envelhecer. Será sempre, mesmo depois dos trabalhos, aquela forma elegante das coisas simples; ou a forma simples das coisas belas; ou a elegância simples da beleza.

4.1.11

Problemas / Soluções

Há pessoas que procuram as soluções e as encontram, às vezes e depois de procurarem algum tempo; e há as que procuram os problemas. Essas encontram-nos sempre e imediatamente.

2.1.11

Rum cosmopolitano

No outro dia pedi um rum num restaurante de Marigot. O homem respondeu-me que tinha "Monguê" e perguntou-me se eu gostava. "É o rum dos marinheiros", esclareceu. Fiquei surpreendido porque não conhecia a marca, eu, marinheiro de mar e apreciador de rum. Disse-lhe que não conhecia, e ficaria encantado se corrigisse rapidamente essa lacuna.

Trouxe-me Mount Gay, o rum do coração e da amizade, o rum a que agora, com um copo dele à frente, teço loas e que todos os dias abençoo.

Hilariante

Aqui.

O que há num nome? - II

Nada, em 95% dos casos. Carne, às vezes.

Palermices

Todos somos os palermas de alguém, como dizia um palerma qualquer cujo nome esqueci. A cada um a sua, portanto.

Esta é magnífica, como palermice. Mas tem uma forma relativamente fácil de deixar de o ser (palermice, não magnífica): basta que o projecto lei inclua uma cláusula proibindo um socialista de tocar nas finanças do país. Não seria inédito. Na Suíça, por exemplo, o ministério das Finanças está, por acordo tácito entre as partes, fechado aos ministros socialistas (o que não impediu um socialista, Otto Stich, de ser o melhor ministro das Finanças que o país jamais teve; mas isso é a excepção que confirma a regra).

"CAIS quer tornar pobreza ilegal e vai apresentar projecto de lei aos partidos"

A ler, todinho

Não concordo com a parte relativa ao Rui Tavares: que o homem é um populista não há dúvida e que em política a sua má-fé intelectual atinge níveis estratoféricos ainda menos. Mas prescindiu de uma parte do salário (que, se não inclui "patrocínios educativos" tão pouco os exclui. Se ele gastasse o dinheiro em automóveis, piscinas ou a albergar cães seria melhor?) para ajudar pessoas que dela precisam, e é por isso que deve ser julgado. De qualquer forma, concordando ou não o texto é uma delícia.

"Os dias contados", crónica de Alberto Gonçalves no DN.

1.1.11

Pedido

Deixo aqui um lancinante pedido às pessoas que, inconscientemente, contribuem para o aquecimento global: por favor, façam-no com um bocadinho mais de consciência. Aqui em St. Martin, por exemplo, a água do mar está a 24º, quando nesta altura do ano costuma, dizem os antigos, os pescadores, a gente do povo, a 26º. E, neste momento em que vos escrevo, a temperatura do ar não passa dos 20º, quando devia estar a 24 ou 25. Pedir-vos, aquecedores globais inconscientes, um bocadinho de consciência, aplicação e um esforço suplementar não me parece despropositado.

Pequenos anúncios privados - Cont.

Cláudia, amor: recebi o teu e-mail com a fotografia. Obrigado. Porém, quando respondo obtenho uma mensagem de erro. Por favor envia-me o e-mail correcto.

Beijos

Luís


PS - Não te esqueças do nºde telefone.
PPS - A fotografia é recente?

[Peço desculpa aos leitores habituais deste blog, mas preciso realmente de entrar em contacto com a Cláudia]

Pequenos anúncios privados

Cláudia, querida, sabes que te amo, mas não o posso dizer publicamente. Por favor manda-me o teu e-mail e o teu nº de telefone.

Obrigado

Luís

PS - por favor junta uma fotografia tua.

Harley parvos

Ontem vi um tipo chegar com uma Harley. Tinha um ar ameaçador, com o seu capacete e o bigode. Depois parou o engenho, tirou o capacete e ficou só com cara de parvo.

Sobrevivência

Hoje uma senhora admirava-se porque o amigo de longa data conseguia fazer coisas sozinho no barco. Coisas complicadas, como procurar guardanapos, um passador para a massa e assim. A senhora não sabia que qualquer embarcação consegue pôr um homem a fazer aquilo que gerações de mulheres não conseguiram: sobreviver sem elas.

Analfabetismo

"I can't read you", disse-lhe quando me apercebi que a sua resposta seria "yes", se eu lhe dissesse o que me ia no espírito. "I don't want you to read me", respondeu. "I want you to f... me. If you want to learn reading go see someone else". 

Caras e corpos

A tristeza tem um corpo, mas não tem cara; é pesada e omnipresente. Já a felicidade é o contrário: tem cara, mas não tem corpo. Mal se sente.

Estratégias e necessidades

Alguns homens precisam de falar muito para seduzir; outros fá-lo-iam melhor estando calados.

Cretinismo

Cretinismo puro, distilado, essencial, cretinismo pelo cretino que ajudaria a definir o termo se ele não estivesse, infelizmente, já tão bem definido. Acaba de receber uma bolsa de 2,4 milhões de euros do European Research Council. A "Europa" trata-se bem.

A entrevista parece-me má; mas isso devo ser eu, que esperava melhor de Filipa Martins.

"O problema das minorias cristãs no Islão"

Um excelente post de Rui Herbon no Jugular. O movimento para trás do grande pêndulo do politicamente correcto acelera.

O que há numa data? - II

A America's Cup em S. Francisco, algures em Setembro de 2013.

O que há numa data?

Esqueci-me de assinalar os 7 anos do DV, a 27 de Dezembro do ano passado.