Por razões que têm a ver com o facto de eu gostar muito de silêncio mas não saber estar calado, um dia fui desterrado para Lubumbashi. Não tinha nada que fazer, ou muito pouco. Uma dessas tarefas era estabelecer, quotidianamente, uma série de contactos rádio com outras delegações, com outras organizações espalhadas pelo Leste do então Zaire (o desaire...). Todos os dias recebia um apelo de uma missão que nos pedia para os irmos buscar: eram 19 padres e meia dúzia de freiras - não estou seguro dos números, acho que andava por aí.
Todos os dias falava com eles, todos os dia transmitia o pedido para Kinshasa, e todos os dias a resposta era "não, não e não".
Um dia deixei de ouvir os apelos dos padres e fiquei contente: pensei que alguém os tinha evacuado. Só quando cheguei a Genève, dois ou três meses depois, soube que tinham sido chacinados.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.