30.3.08

PROGRESSO

O Le Point tem um pequeno, mas maravilhoso artigo que eu gostaria de, generosamente, recomendar a todos os nossos amigos relativistas. Chama-se "Repúdio sob condições" (a tradução é minha) e fala de uma prática islâmica - entretanto banida de uma parte do mundo muçulmano, mas que perdura, Allah u Aqbar, em alguns países, entre os quais a Índia. Consiste essa prática, chamada Talâq, em repudiar a (ou uma das, o artigo não é claro) legítimas, bastando para tal pronunciar três vezes a palavra Talâq.

Ora bem. Para protejer as mulheres, diz o Le Point, a Índia fez uma lei "controversa": imagine-se que doravante será proibido fazer Talâq por telefone, SMS ou Internet. É uma violência, claro, e é para mais "inútil", dizem os conservadores. Mas o Governo manteve a lei: não se pode fazer Talâq por telefone, SMS ou Internet, para protejer as esposas "de um acesso de cólera ou do estado de embriaguês" dos senhores maridos. (Sim, eu sei, os conservadores têm razão: alguém já alguma vez viu um muçulmano embriagado?)

27.3.08

Objectivos imaginários

Um dos objectivos que se fixara - e nunca atingira - era fazer com que o trabalho e o dinheiro deixassem de ser como água e azeite, imiscíveis.

O aquecimento global e a toponímia

Uma das vantagens (pouco explorada) do aquecimento global - que eu, confesso, gostaria imenso se materializasse rapidamente, sobretudo nestes dias glaciais - é que a Groenlândia voltaria, finalmente, a fazer jus ao nome.

Perspectivas

"Graças ao Euro, nós lutamos contra a inflação", diz Jean-Claude Trichet. Leio isto, e penso no chauffeur de táxi moçambicano a quem, recentemente, perguntei há quanto tempo não ia a Moçambique. "Há ...." - hesita - "quando é que começou o Euro? ... Há sete anos", respondeu finalmente. "Fui ferido pelo Euro", precisou.

25.3.08

Nova esquerda, velhas mentes

A esquerda de hoje só é incompreensível porque nós continuamos a olhar para ela à luz da esquerda da ciência, do progresso, da justiça social, do internacionalismo de antanho. É evidente que depois da União Soviética, da China, da Coreia do Norte, do Cambodja, de Cuba, do Vietnam, da Etiópia, de Angola, Moçambique, Albânia e tantos outras experiências de socialismo científico, popular ou "democrático", a esquerda de hoje não pode continuar a desfraldar essas causas: teria o ar ridículo, confrangedor e patético da meia dúzia de iluminados comunistas que prosseguem o “combate”, afrontando as forças da reacção - é assim que eles chamam à realidade - com a energia da cegueira.

A esquerda “moderna” viu-se portanto obrigada a adoptar outras causas. Claro que o substracto é o mesmo, mas as bandeiras são outras: o progresso científico foi para as urtigas - hoje, o progresso é inimigo do homem, e já não a salvação; a justiça social foi substituída pelo relativismo - é a única forma de se defender os palestinianos corruptos, anti-democráticos, machistas, anti-gay, contra os israelitas; e o internacionalismo foi substituído pelo direito à auto-determinação.

Uma ideologia que assentava em raciocínios falaciosos, em práticas ditatoriais e que levou aquilo que se viu (ou vê, em Cuba, na Coreia do Norte) está hoje condenada a defender Sadams e Ahmadinejads e a lutar contra a “globalização”, contra os transgénicos e contra os Estados Unidos, que representam o mal absoluto.

21.3.08

A França e a Monarquia

A revolução francesa não acabou com a Monarquia: deu-lhe outra forma. Sarkozy, finalmente, verga-se e adapta-se. A partir de agora o poder em França será mais distante, mais formal. Carla Bruni chama-se Carla Sarkozy e não aparece em lado nenhum (o que não deixa de ser, digamos, lamentável) e Sarkozy diz que muda a forma, não a substância. Não acedito muito: um povo que elegeu e reelegeu Mitterrand e conviveu quase 40 anos com Chirac terá aquilo de que gosta: distâncîa e imobilismo.

Man Ray

A rectrospectiva em Paris de Man Ray não é tão grande como a sua publicidade diz (faltam, por exemplo, as obras mais conhecidas ). Mas é uma exposição interessante porque cobre toda a vida criativa de Man Ray e mostra a criatividade, as influências, a sua relação com o que fazia. Na Pinacothèque, Madeleine.

20.3.08

Serviço público - Restaurantes Paris

Duas boas moradas, em Paris:

La Muse Vin, 101 rue de Charonne, metro Charonne: cozinha excelente e criativa a um preço razoável (30 euros o menu), e uma colecção de vinhos enorme: "naturais", "bio" (não conhecia a diferença), "travaillés" e mesmo "normais"... decoração mista: rústica / sofisticada, serviço eficaz. Tel.: +33 1 40 09 93 05 (atenção, só abre para jantar).

Chartier, 7 rue du Faubourg Montmartre: uma instituição, uma cantina, uma fábrica, uma excelente relação qualidade-preço: escolham. Magnífico. (Não vale a pena telefonar: faz-se bicha à porta).

E em bónus dois bares, ambos rue Montmartre: Café Noir, n° 65, e Le Coeur, 55. Jovens, boa música, bom ambiente.

Carroucel

É uma seca, escrever no carroucel: acentos, ALT Code, letras "fora do sítio". Mas Paris vale bem uma uma missa...

Passeamos por esta cidade e a quantidade de pequenas lojas (mercearias, queijarias, livrarias, lojas de vinhos, talhos, peixarias) é surpreendente. Todas lindas, todas dão vontade de comprar a loja toda ali já e consumi-la de seguida.

Mas nada disto é sustentável: demasiado estável, demasiado estático, demasiado estatal; sustentado apenas por regulamentos sem fim e amores fingidos. Hoje leio no jornal que Sarkozy criou uma secretaria de Estado para fazer de Paris uma concorrente das grandes metrópoles...

19.3.08

Carroucel

O carroucel recomeça. Numa cidade estrangeira a solidão não existe. Deve ser por isso que tanta gente gosta de viajar.

18.3.08

Vela na Páscoa

Para a semana, inch Allah (como diria Mohammed, chauffeur de táxi em Casablanca) serei um feliz tripulante de uma destas embarcações.

PS - Esta fotografia de Philippe Schiller é linda.


No fundo, os velejadores são pessoas simples que se satisfazem com pouco (como se pode comprovar neste video):



17.3.08

Perplexidade II

Daniel Oliveira (por quem, forçoso e lamentável é reconhecer, não nutro especial admiração, simpatia, ou seja lá o que fôr de positivo) foi condenado a pagar 2,000 euros a Alberto João Jardim por lhe ter chamado "palhaço rico". Se lhe tivesse chamado "palhaço pobre" teria sido absolvido? E "simplesmente, Palhaço"? Ou "Palhaço dos charutos"?

Média

Uma vez li num artigo de jornal que a beleza seria - talvez, talvez - uma média: as mulheres mais belas seriam, dizia o artigo de jornal (citando uma dessas investigações de que os artigos no jornal são os felizes e provavelmente solitários ecos), as que teriam as proporções mais "médias": um nariz médio, olhos médios, bochechas médias, orelhas médias, lábios médios e assim por diante, médio.

Não sei se é verdade. Mas imagino facilmente que, se tirar a média das qualidades todas de todas a mulheres por quem jamais me apaixonei - admitidamente poucas - chegarei à definição de mulher ideal. E poder-lhe-ei, então, dizer "tu és a melhor média da minha vida".

Não sei é se ela apreciará.

Luta anti-poluição

Este Governo, que anda para aí com uma diarreia legislativa de fazer empalidecer Stakhanov - e muitas farmacêuticas - e que agora resolveu, seja Deus louvado e agraciado, o problema da poluição nicotínica nos lugares públicos, devia debruçar-se atentamente sobre o problema da poluição televisiva. Não se pode entrar num restaurante (exceptuo, espero, o Gambrinus et pares) que não tenha não uma, mas duas ou três televisões - ligadas, ainda por cima, aos canais que passam jogos de futebol.

É uma poluição sonora, é uma poluição visual - e inútil, o que ainda é pior: tenho andado a contar as pessoas que, nos restaurantes vêem televisão. É com orgulho que afirmo que estamos - nós, os que não olhamos para os malfadados aparelhos - invariavelmente em maioria (excepto nos dias de jogos muito importantes e não incluindo os empregados - parece que as televisões estão lá para eles, aliás).

Pois

É simples, não é?

Eficácia e lentidão

A lentidão das decisões em Portugal é exasperante; tal como a dos pagamentos, e da burocracia, de tudo. Às vezes dizem-me que essa morosidade é necessária, imprescindível para a boa gestão dos fundos públicos, ou das empresas privadas.

Eu fico um bocadinho perplexo: se a lentidão fosse uma coisa boa, nós devíamos estar entre os países mais ricos do mundo. E manifestamente não estamos - aliás, até estamos cada vez mais longe da nossa referência, a "Europa".

Por vezes, pergunto a mim mesmo se estas lentidões todas são verdadeiramente fruto da precaução e da boa gestão, e não, mais simples e prosaicamente, da incompetência, da preguiça e da impunidade.

16.3.08

Personagens

Tinha o telefone tantas vezes cortado que começou a chamar-lhe "o afone".

15.3.08

Calma

Vai por aí um (legítimo e mais do que compreensível) clamor contra a proposta do governo de legislar sobre piercings. Pessoalmente, acho um absurdo, um ataque à liberdade individual, uma perda de tempo num momento em que tanto há a fazer (ou em que cada vez menos tempo nos resta para fazer o que há a fazer).

Mas tenhamos calma: alguém conhece uma lei neste país que seja cumprida?

14.3.08

Tarde, vida

É a tarde das tardes todas, uma tarde sem manhã nem noite, sem horas nem dias nem pôr-do-sol, sem passado nem futuro; é uma tarde imóvel, suspensa nas tardes que foram e serão, uma tarde na qual nada há e fora da qual nada é; uma tarde parada, e dentro dela dois vultos imóveis iriam se se movessem de um sítio qualquer para lado nenhum.

É a tarde, é uma vida, é a vida.

12.3.08

Biografia expresso, ou A margem sul da vida

"Casou e foi viver para a margem sul".

Il faut être moderne

Il faut être moderne? Cada vez que passo pelo Bairro Alto duvido.

11.3.08

Empregos

A senhora tem, forçoso é reconhecer, um emprego horrível: vende compaixão, piedade, hipocrisia e boa-consciência à porta do supermercado. Todos os dias, faça sol ou faça chuva, lá está, sentada directamente no chão e com um cartaz na mão a dizer que tem dois filhos e a solicitar a nossa ajuda "à família".

Eu não compro. Declino, gentilmente. Mas, num quarteirão popular como este que atravesso todos os dias para vir trabalhar, vejo que tem muitos clientes - suponho que mais para a linha "compaixão" e "piedade" do que para a "hipocrisia" e "boa-consciência".

Deve ser muito aborrecido, como emprego, mas ela leva-o a sério: contorce-se, mima intoleráveis dores, dirige-se directa e frontalmente aos passantes, é histriónica, convincente. Quando vejo o que pago à minha mulher a dias, imagino o que esta senhora ganha por mês - mas gabo-lhe a dedicação, o esforço, o espírito de sacrifício.

10.3.08

Maison Tropicale

Três casas pré-fabricadas de um designer francês dos anos 50 são enviadas de França e construídas na África Colonial (Niamey, no Níger, e Brazzaville, no Congo).

Recentemente, uns "brancos" (nunca são nomeados, não têm nome, são brancos) vão a essas duas cidades, compram as casas - que estavam, basicamente, ao abandono - põem-nas em contentores de regresso a França, recuperam-nas e vendem-nas como obras de arte (que realmente são, tanto de um ponto de vista estético como de engenharia e da história).

Este é, basicamente, o tema da Exposição de Ângela Ferreira no CCB. Não estou de acordo com os pressupostos políticos da instalação (os quais são, de resto, muito mais visíveis e explícitos no filme "Maison Tropicale", que acompanha a exposição) - os brancos pilharam África durante o colonialismo e continuam a pilhá-la agora - mas acho que se deve realmente ir vê-la (incluindo o filme).

Em primeiro lugar, pela inteligência e sensibilidade com que a questão é colocada; é uma questão complexa, nada fácil, e eu imagino que para Ângela Ferreira, que tem um ponto de vista diagonalmente oposto do meu, é tão complicado responder-lhe como o é para mim. Em segundo pela qualidade estética da exposição; Ângela Ferreira tem uma capacidade de extrair dos objectos a sua essência, sejam eles os mais comuns ou os mais raros, e torná-la visível em obras de uma aparência simples, lineares - mas cuja simplicidade e linearidade traduzem perfeitamente a complexidade, a essência, dos objectos. Em terceiro, por uma razão que a certa altura do filme o director do Museu de Serralves menciona e que há muitos anos me tem chamado a atenção: África está ausente do nosso imaginário, da nossa produção artística, o que é incompreensível.

Auto-retrato possível

África continua a fazer parte de mim, como o mar, a luz ou as palavras. E continuará.

Ponte & companhia




(Fotografia de Bernardo Amaral)

9.3.08

Uma questão interessante

Exotismo




Ao contrário do que pode parecer, não é um talho. É um restaurante, em Marrocos. A ASAE anda realmente a perder oportunidades de expansão no exterior.

"otra vez a brindar con extraños / y a llorar por los mismos dolores"

O povão agradece, reconhecido.

Retratos possíveis

Uma mistura de perseverança e whisky, em proporções variáveis.

(Perseverança: esperança, raiva e melancolia, em quantidades iguais).

8.3.08

Não! não-verbal*

Que posição tão esquisita, a desta senhora na mesa ao lado: da cintura para cima está perfeitamente direita, paralela à mesa, engagée; da cintura para baixo - a parte que o senhor que está com ela não vê - está de lado, fechada, defensiva.

* Será que duas negativas fazem uma positiva?

Táxis

Li recentemente um post sobre Táxis que me fez pensar nos táxis em que já viajei. Estava em Marrocos, quando o li, e a primeira memória, ainda fresca, foi a de Mohammed, o "meu" táxi de Casablanca.

Há dois anos tinha que ir para o aeroporto e fui com o Mohammed. Já tínhamos preparado a corrida, e combinado que ele me encontraria num sítio qualquer, não interessa, e o preço. Quando nos encontrámos faltavam-me dez ou quinze dirhams (em duzentos, creio), já não me lembro porquê, mas ele concordou em levar-me. Chegados ao aeroporto, viu que eu esvaziava a carteira para lhe pagar, e disse-me "não me dês tudo o que tens, guarda alguma coisa para ti, podes querer beber ou comer enquanto esperas pelo avião". Dei-lhe o dinheiro todo, claro, e guardei o número de telefone dele. Desta vez, telefonei-lhe para me vir buscar, e paguei-lhe com juros, muitos juros, os dez dirhams da outra.

O carro de Mohammed estava ainda pior do que há dois anos, claro, cheio de ferrugem e buracos - mas como ele me disse no caminho "não importa com o que vais, importa com quem vais". É uma grande verdade, Mohammed.

Os meus táxis favoritos, de longe, muito longe, são os do agora Congo, ex-Zaire. Aí importava com o que ias: os carros eram monumentos à engenharia ocidental (normalmente francesa), ao engenho dos proprietários, eram peças de arqueologia industrial, milagres em quatro rodas. Uma vez, em Kolwezi, entrei num cujo "depósito" de gasolina era um jerrycan de 5 litros colocado entre os pés do passageiro da frente. Os bancos eram as molas originais, suponho, com um cobertor por cima. Mal cheguei à cidade troquei de táxi, claro - para descobrir, duas horas e muitas andanças depois, que neste o "depósito" (igual) estava colocado no sítio da bateria, ao lado do motor (a bateria estava no porta bagagens, e os cabos atravessavam alegremente todo o veículo) - os bancos eram iguais, mas disso apercebi-me imediatamente, claro. Os sul-africanos pediram ao senhor para os deixar tirar fotografias, e ele deixou, orgulhoso.

Os chauffeurs de táxi zairenses são os melhores do mundo, qualquer que seja o critério pelo qual os avaliemos: têm uma cultura política equivalente à de futebol dos nossos - numa viagem de meia hora fica a saber-se quem é quem, quem é caro e quem não é, quem está com ou contra quem; e quantas vezes uma hora de conversa na praça com os personagens citados confirmou tudo o que o (ou, mais frequentemente, os) condutores interrogados nos tinham dito.

Mas não é só na política que eles são bons: desafio qualquer condutor do mundo a fazer mais quilómetros com uma dada quantidade de gasolina do que um chauffeur zairense - o que, para além das evidentes vantagens ambientais, dá origem à condução mais suave, menos abrupta, com menos solavancos que jamais me foi dado experimentar.

Na Rússia os táxis funcionavam como mini-autocarros - o preço era por pessoa, e não por trajecto. Andavam sempre cheios a abarrotar, claro. Frequentemente, o cheiro a álcool era tal que uma pessoa pensava que tinha entrado numa destilaria de vodka. Os chauffeurs eram brutos como as casas - mas um dia encontrei um com quem discuti Dostoievsky a viagem toda. Comprei-lhe os lugares todos do carro, para podermos falar à vontade, e no fim fomos beber um copo, os dois. Quando o deixei estávamos os dois perdidos de bêbedos - ele levou-me até ao porto gartuitamente, e não sei como o carro não saiu da estrada algumas cinquenta vezes, naquelas estradas geladas e cobertas de neve.

O mesmo princípio vigora nos "táxis co" da Martinique ("co" é a abreviatura de colectivo), mas aí a viagem é uma festa, com as pessoas a entrar e a sair de cinco em cinco metros, todo o mundo em animada discussão, incluindo o condutor; por vezes, no intervalo dos diálogos, ele até olha para a frente, e consegue sistematicamente evitar as cabras, galinhas, cães e gatos que se lhe atravessam à frente (os peões desviam-se sozinhos).

Pensei também nos táxis em que nunca andei: os chapas de Moçambique, por exemplo (uma vez contei vinte e sete pessoas, vinte e sete, num minibus de nove lugares, incluindo condutor). Enfim, exagero, talvez, mas se não eram tantas eram pouco menos: só nove ou dez estavam sentados nos sítios que os fabricantes tinham previsto para vidros e janelas, com as pernas para dentro e os rabos todos de fora, como sacos de batatas. Uma vez o Governo moçambicano resolveu implantar o respeito pelos sinais de trânsito e multar os condutores que passassem com o sinal vermelho. Foi o levantamento geral - um dos chauffeurs, numa entrevista à televisão, justificava a sua recusa perante tão bárbara e violenta regra dizendo, com uma convicção incomparável, "eles têm de perceber que nós estamos a trabalhar!"

Deixo de fora outros táxis, mais próximos, mas não menos exóticos: os de Londres, por exemplo, nos quais se tem a impressão de estar a ser conduzido por um chauffeur privado (nos cabs. Os minicabs são outra história, mais banal); os de Paris, que me fazem pensar nos seus colegas portugueses, com um pouco de patine em cima. Ou aqueles que são a minha nemésis taxística, os de Genebra, cujo preço - mesmo para a mais pequena das corridas - equivale à prestação de um automóvel novo.

4.3.08

Blogosfera

O Voz do Deserto, de Tiago Cavaco, a única pessoa que conheço que demonstra ser possível simultaneamente acreditar em Deus e não perder a piada ao dizê-lo faz 5 anos. E a Tatiana regressou - a blogosfera deveria engalanar em arco e lançar meia-dúzia de foguetes.

2.3.08

O vocabulário da cidadania

O blog Cidadania Cascais tem em curso dois inquéritos (Não sei fazer links para as perguntas: "Acha que o Edifício Cruzeiro... ...Deve ser demolido? ... Deve ser recuperado"; e "Acha que o Hotel Atlântico deve ser: ... Demolido? ... Recuperado?").

A meu ver, as perguntas estão mal formuladas, empregam o verbo errado. Experimentem com o verbo "poder", em vez de "dever".

Os cilícios, por favor.

Há erros que são imperdoáveis. E ainda mais imperdoáveis são quando nada há que possamos fazer para lhes piorar as consequências, as tornar mais pesadas, mais furiosamente insuportáveis.

Keep walkin' (fast)


Ponte


(Não devo ter sido o único a pensar nesta perspectiva, mas lá que é bonita é)