29.1.04

Jornalistas

Há, no Público de hoje, duas notícias contraditórias e interessantes: uma fala da absolvição de Blair pelo relatório Hutton; outra, que não é bem uma notícia, é uma reacção de jornalistas da SIC à coluna de Eduardo Cintra Torres, sobre as relações deles com pessoas ligadas ao processo da Casa Pia. A reacção dos jornalistas, previsível, foi unânime: eles são independentes, e são capazes de distinguir entre os seus laços familiares e o seu trabalho.

Devem ser os únicos: os cirurgiões, por exemplo, não operam familiares; os psicólogos não tratam de pessoas que conhecem - isto porque os cirurgiões, os psicólogos e provavelmente outras categorias profissionais em circunstâncias idênticas acham, quanto a mim com razão, que ao tratarem de ou com pessoas que lhes são próximas não conseguem garantir uma distância suficiente.

Esta verdade simples não se aplica, aparentemente, aos jornalistas da SIC (neste caso da SIC, mas não creio que haveria muitas diferenças se se tratasse de outro medium qualquer). Tal como a ideia que há uma diferença entre o jornalismo e as cruzadas, que um jornalista é um profissional, não um cavaleiro andante com missão e causa a defender a todo o custo.

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