E já que falamos de poesia, alguns versos de um poema magnífico sobre um tema que me trabalha, ultimamente:
"Dizes: "Eu vou para terras, eu vou para outro mar.
Hão-de existir outras cidades melhores do que esta.
...
Onde quer que eu olhe, para onde quer que eu volte a vista,
a negra ruína da minha vida é o que se avista,
eu que anos a fio cuidei de a estragar e dissipar".
Não acharás novas terras, tampouco novo mar.
A cidade há-de seguir-te. As ruas por onde andares
serão as mesmas.
...
A vida, pois, que dissipaste aqui, neste cantinho
do mundo, no mundo inteiro é que a foste dissipar."
O poema chama-se A Cidade e está publicado numa edição da Editora Nova Fronteira, tradução de José Paulo Paes.
Do mesmo livro:
"Lembra, corpo, não só o quanto foste amado,
não só os leitos onde repousaste,
mas também os desejos que brilharam
por ti em outros olhos, claramente,
...
e como por ti na voz tremiam, lembra, corpo."
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