17.1.04

O "viking" das pousadas...

...e o saloio do Expresso.

Uma notícia no EM OFF do Expresso goza com os erros de português que um gestor das Pousadas de Portugal faz quando comunica com os funcionários por e-mail.

As observações que esta "notícia" suscita são inúmeras. Mencionemos três:

a) O gestor, norueguês, tenta comunicar com os seus funcionários em português. Dado que se trata da indústria hoteleira, é legítimo supôr que os funcionários admoestados falam inglês. Apesar disso, o gestor escreve-lhes na nossa língua;

b) Nos casos mencionados, as observações do gestor são mais do que justificadas, qualquer que seja a língua utilizada;

c) É frequente ver-se, no humanitário, certos idiotas europeus pensar que o interlocutor africano é estúpido só porque não fala correctamente a língua do (normalmente) jovem branco que com ele fala. Por várias vezes assisti a diálogos entre jovens (também muitas vezes) desempregados europeus que se propunham, generosamente, dar lições a pessoas com cursos superiores e anos de prática profissional, só porque essas pessoas, de resto naturais do país onde estávamos e com uma formação teórica e empírica mil vezes superior, tinham um sotaque forte, ou dominavam mal o francês ou o inglês. O resultado era, sempre, patético (excepto no Burundi, onde era simplesmente cómico - os Tutsis diziam que sim a tudo e depois faziam exactamente como entendiam - felizmente, e com óptimos resultados).

No Expresso, torna-se confrangedor. Aqui a situação é inversa. Será que os nossos níveis de serviço são tão altos que possamos troçar dos erros de português de quem diz qualquer coisa que é do domínio público - a saber, que os nossos funcionários não têm uma visão propriamente orientada para o cliente?

Por Deus, os erros de português cometidos por portugueses que vejo, oiço e leio quotidianamente na imprensa escrita, na televisão, na rádio fazem-me pensar que mesmo um norueguês seria capaz de nos ensinar a falar a nossa língua...

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