21.7.04

Melancolia

Não muito longe corre e gorgoleja o Arve ; no leitor de CDs uma cantora africana, de quem nunca tinha ouvido falar, canta; é o fim de um dia pesado, abafado, e a trovoada prepara a sua chegada; estou a beber um vinho muito bom: Diolinoir du Valais, 2000 - que também não conhecia. O dia chega lentamente ao fim. Refugiei-me na varanda, único sítio da casa onde há um pouco de ordem e de fresco. Estou sozinho. Nenhuma, nenhum, dos meus tus está aqui. 
  
De que é feita a melancolia? De hojes, de ontens, de uma mistura dos dois? De tudo: tudo lhe serve, tudo a alimenta - ontens, hojes, agoras ou amanhãs, sucessos e insucessos, amores desfeitos e amores perfeitos, felicidades e infelicidades, tristezas e alegrias,  presenças e ausências, fealdades, torpezas, tudo.

Até de si própria se alimenta.

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