Lembro-me do teu corpo, que era longo, e do teu olhar, vivo e alegre, e dos teus cabelos encaracolados. Tínhamos, lembras-te?, o hábito de fazer amor na praia, dentro de água, com as ilhas como pano de fundo. A água era morna e transparente e o amor durava uma eternidade. Àquela hora estávamos sós - ou pelo menos pensávamo-lo então: uma vez apercebemo-nos de alguém que nos mirava, escondido numa duna. Eu amava os teus olhos azuis e os teus lábios e a tua pele que se cobria de areia quando regressávamos, felizes e saciados, e nos deitávamos na praia, como os personagens de romance de Le Clézio que estavas a ler. Citavas-me longas passagens dele, de cor, porque a tua memória, como o teu corpo, como tu, era perfeita. O livro chamava-se "Le Chercheur d'Or".
E um dia disseste-me: "eu, pelo menos, encontrei o meu ouro. És tu."
E um dia disseste-me: "eu, pelo menos, encontrei o meu ouro. És tu."
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.