"On ne baise pas avec nos corps, mais avec nos intelligences", dizia-me. Eu não acreditava. Ela tinha o hábito de, antes de cada felação, mergulhar-me o pénis numa bebida alcoólica; "dá mais gosto", explicava. Um dia sugeri-lhe o champagne, e ela gostou. Ficou a nossa bebida, e ainda hoje é a minha.
Gostava muito dela: era uma alemã de Heidelberg com feições de viking, e duas maminhas que se pareciam com o Monte Fuji. Cada vez que fazíamos amor eu pensava num haiku do Issa "Lentamente, lentamente, / caracol / sobe o Fuji". Fazíamos amor frequentemente: ela morava perto de mim. Todos os dias me deixava em casa um xarope de maracujá que, misturado com vodka, água tónica e grenadine constituia um cocktail ao qual, mais tarde, vim a chamar CTS (de Commodity Tracking System, um programa de informática no qual estávamos a trabalhar e que, mais ou menos nessa época, acabámos com sucesso).
Ela tinha um namorado francês, dono de um hotel. Assim que acabávamos de fazer amor explicava-me que estava com ele por causa da estabilidade, e só por causa da estabilidade. Em seguida, pedia-me para a ir deixar a casa, que era o hotel dele.
Não consigo deixar de pensar nela: não me lembro do seu nome, nem do que ela me chamava quando me insultava, o que era frequente. Insultava-me copiosamente, aos gritos, enquanto tinha um orgasmo; insultava-me porque queria que eu lhe desse estabilidade e orgasmos, e eu não podia: ou um ou outro.
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