A produtividade em Portugal é, dizem as estatísticas, muito baixa. Por mim, acho que se poderia subir rapidamente esse indicador, com um remédio relativamente simples: diminuir o tempo de trabalho das pessoas.
É fascinante ver a quantidadde de pessoas que, no nosso país, não têm tempo para nada (refiro-me unicamente à vida profissional, claro). Hoje aconteceu-me uma que talvez não seja paradigmática, mas é pelo menos exemplar: telefono para a senhora X e explico-lhe ao que venho (devo dizer que, como de costume, só consegui falar com a senhora ao décimo telefonema); ela responde que para isso seria necessário marcar uma reunião - ao que eu acedo, naturalmente;
- Só que agora não tenho tempo: vêm aí os Jogos Olímpicos e a Volta a qualquer coisa e e e e e;
- Não faz mal - respondo. Marquemos uma reunião para Setembro, nessa altura terá certamente mais tempo.
- Óptimo. Telefone-me em Setembro para marcarmos uma reunião.
- E não podemos marcá-la agora? É que, sabe, é muito difícil conseguir falar consigo ao telefone, e assim fica a reunião marcada e poupamos tempo aos dois.
- Não, não é possível, porque ainda não sei o que vou fazer em Setembro.
- Pois, mas se marcarmos a reunião, pelo menos já sabe o que terá que fazer num determinado dia a determinada hora. É para isso que servem as agendas.
- As agendas não servem quando se tem muito trabalho e se anda sempre dentro e fora do gabinete.
Ecco. Se esta senhora trabalhasse menos, continuaria decerto a não fazer nada e a produtividade nacional aumentaria proporcionalmente à diminuição do tempo de trabalho. Claro que se, simultaneamente, ela começasse a fazer qualquer coisa, aí o indicador "produtividade" daria um gigantesco salto para a frente.
Mas não sonhemos com ladrões.
Será que na Suiça, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, na Espanha (países onde eu tenho trabalhado, ido em viagem para trabalhar, ou tido contactos profissionais), onde os e-mails têm resposta, as reuniões têm data - mesmo que com meses de antecedência - e os telefones são atendidos se não à primeira pelo menos à segunda ou terceira tentativas, as pessoas não fazem nada? Não trabalham?
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