Gostaria de chamar a atenção para este artigo de Helena Matos, como sempre muito bom, e com um tema que me é particularmente interessante.
Apesar de não poder deixar de estar contente com o facto dos dois jornalistas franceses virem a ser, muito provavelmente, salvos, não posso deixar de sentir uma ligeira náusea quando penso que se eles fossem americanos, ingleses, italianos ou outra coisa qualquer não teriam probailidade nenhuma de se salvarem.
É necessário, claro, resistir ao maníqueismo fácil de dizer que "sempre soubémos de que lado está a França" - necessário mas difícil: agora lá estão eles, a negociar a libertação dos reféns contra uma batelada de massa, a qual permitirá aos gentis combatentes pela... pela quê, liberdade? comprar mais bombas, mais armas, mais morte, mais violência.
E os reféns na Ossétia: se fossem os americanos a intervir daquela maneira, como reagiriam as pessoas? Cito uma passagem do
editorial do jornal genebrino "Le Temps" (de resto, um jornal esquerdista que sofre particularmente dessa dualidade de critérios): "Pas un mot non plus, même diplomatique, pour regretter le mépris total de la vie humaine manifesté par les troupes de choc venues «sauver les otages». En fonçant dans le tas."
"Não se avança para a verdade: muda-se de dogma, é tudo". Continuo sem saber quem disse esta grande verdade, tão difícil.
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