Toujours est-il que notre saumonette volante s'est trouvée, à quelques berges de la fin, tabassée par une stupide porte en verre, une - ou plusieurs - noix de coco sur-dimensionnées, une maîtresse fuyante, une sorcière irréaliste - pêché majeur, faut-il le dire, chez les sorcières, même blondes - e com um stock de chá para emagrecer do qual não sabia que fazer. As - e o - palhinhas davam-lhe um ar de herói da banda desenhada, mas a quantidade de merda que com ele transportava não.
-Joder, chico - dizia, lembrando-se das suas lições de espanhol arcaico. Mais uma vez pensava estar sozinho, mas não estava: um bando de pargos legítimos escutava atentamente tudo o que ele dizia, e contavam às corvinas, ávidas.
Pôs o Gould na caixa, lembrou-se algures do Boléro, e continuou a bater com a cabeça nas portas de vidro.
En attendant, a luna batia no mar, também ela, e esparramava-se por ele fora, em forma de I maiúsculo, falo enorme e tão útil, tão útil. Os namorados olhavam para aquela luz irreal, tão irreal, os compositores também, os fotógrafos, as artistas todas, Deus me valha, e achavam tão bonito, ai tão bonito, ai que obrigados estamos todos, pela inspiração, pela oportunidade.
O nosso pata-roxa ouvia o Boléro, ouvia-se gozar com o Boléro, ouvia-se, tout court, e pensava que sem rum a vida não é viável, não é rum, não é vida, não é nada, não é, não.
Sem ti.
- O Boléro, meu caro, não passa de um resumo das drogas todas que você nunca tomou por falta de coragem, dinheiro, vontade ou ocasião. Podemos, claro, viver. Não podemos, contudo, viver sem certas coisas, certas pessoas, certos olhares, certos seios. Vá, très cher, bater com a cabeça em alguns sons, já que lhe faltam ventres para isso. Boa noite. E lembre-se: Boléro é "Espanha" em francês.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.