12.9.05

Poema de adolescência

"Receita para fazer um herói", de Reinaldo Ferreira – (cito de memória, não prometo que esteja completo).

Tome-se um homem,
Feito de nada como nós,
e em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
De uma certeza
Aguda, cruel, irracional
Como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agitem-se os pendões, e
Toque-se um clarim.

Serve-se morto.

Duas pequenas observações:
a) Os cobardes também se servem mortos (se bem que, admitidamente, um pouco mais tarde);
b) Os pendões não têm forçosamente que se agitar, nem os clarins tocar, perto do fim;

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