20.12.05

Um corpo. Lisboa.

Ele gostava de se perder em Lisboa como eu gostava de me perder em ti: todos os recantos, mesmo os mais percorridos, escondem uma surpresa, sempre, a cada vez.

O teu corpo é como estas ruas de Lisboa, em cada canto uma novidade escondida, nunca vista antes, apesar de tantas vezes lhes ter passado devante: uma loja, um anúncio, um restaurante, um pormenor que nos salta aos olhos como se lá tivesse sido posto ontem - e não foi, está lá desde o princípio dos tempos, desde que tu és. O teu corpo é como a luz de Lisboa neste fim de tarde de inverno, luminosa e densa, branca e laranja, etérea e sólida. O teu corpo é como as ruas íngremes de Lisboa, que não nos cansam, por mais íngremes que sejam, nunca, de tão belas, surpreendentes. O teu corpo é como esta solidão que desde sempre me acompanha em Lisboa, tão triste e tão boa, e me acompanha agora, que penso em ti.

Para S. S.

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