"Na prática, o ultraliberalismo, a mão invisível, a ideologia e o modo de vida que Pacheco Pereira defende para a Europa e que leva à alienação alimentar da maior parte dos americanos (os mais pobres) é muito mais proibitiva, sem proibir, do que os preconceitos alimentares religiosos comuns às religiões do livro (os católicos também os têm), particularmente mais proibitiva do que o Islão a quem Pacheco Pereira dedica a entrada "Daqui a uns anos, na Europa, será assim?". Na verdade, e apesar da diferença de níveis de vida, em média, a alimentação de um muçulmano é muito mais variada do que a alimentação de um americano."
Já vi o liberalismo (em todas as suas vertentes, neo, ultra, e sem vertente, liberalismo tout court, o velho e bom liberalismo) ser acusado de muitas coisas. Mas de ser a razão pela qual os americanos não comem peixe grelhado, isso não, e quero aqui deixar o meu agradecimento a Rui Curado Silva, do Klepsýdra, por esta novidade.
Pessoalmente, gosto de malabarismos, sejam eles físicos, intelectuais, ou psíquicos, e este é do melhor que tenho visto na matéria. Este post é brilhante, é uma inesgotável fonte de espanto - no bom sentido, entenda-se, alegre, leve como uma bolha numa flûte de champagne.
Há um pequeno erro de concordância: "o ultraliberalismo... é muito mais proibitiva" (será o ultraliberalismo proibitivo?) - ou será "...e que leva à alienação alimentar da maior parte dos americanos (os mais pobres) SER muito mais proibitiva" (a alienação é proibitiva?) Fica a dúvida, mas perante tal limpidez de raciocínio, tal clareza dedutiva, tal profundidade de visão, de que valem uma ou duas minúsculas dúvidas gramaticais?
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.