Um bom argumento em favor da independência dos bancos centrais não tem nada a ver com o dogma liberal, mas sim com a boa e sã desconfiança. Antes, é óbvio, políticos a governar do que generais, ou padres. Mas quanto menos poderes eles tiverem, melhor. Sarkozy bem pode berrar contra o BCE, mas Deus nos livre de uma vitória sua nessa quixotesca batalha.
Foi ele também que teve a luminosa ideia de cortar os fundos europeus aos países que tivessem taxas fiscais inferiores à média europeia - essa parece que já abandonada, pelo menos por agora.
É mais ou menos evidente para quem não esteja de má-fé que os problemas da França têm pouco a ver com as taxas de juro - com as mesmas taxas, a Alemanha, ou a Espanha (para citar só dois), têm um crescimento bastante razoável, pela razão simples que fizeram as reformas que tinham de fazer (poucas e tarde, mas isso só demonstra a necessidade das reformas, mesmo parciais).
Sarkozy - que de resto penso ser de longe a melhor escolha para França - devia começar por arrumar a casa, antes de atirar a culpa para os vizinhos.
Um outro argumento é a inutilidade: alguém acredita que Portugal ganhou com as desvalorizações constantes, o crawling peg, e a inflação a 36%? Eu não.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.