"Não sei se foi nos Cantos de Maldoror que li isto".
Agora, que pouco a pouco regresso ao mundo, depois do que me pareceu uma longa estadia nas estepes geladas e sem ar do espaço, reaprendo pouco a pouco as regras do convívio humano; a ler e a ouvir música; quem sou. Tudo isso me esteve vedado estes anos todos. Os cheiros, as cores e as formas deixam de ser todos iguais. E os sentimentos, os sentimentos. A maquineta de fazer esperança recomeçou a funcionar. Ainda tenho medo de a deixar embalar-se - um medo aliás semelhante ao que este novo mundo me inspira: tenho que reaprender a mover-me nele, e pergunto-me se alguma vez o soube...
O passado não é mais do que uma miragem, fumo num dia de nevoeiro, vela acesa no meio de um incêndio. Ao longe um sino toca - "não perguntes por quem; ele toca por ti". Felizes as pessoas que têm um passado.
Eu não tenho. "Regresso" não é o termo certo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.