18.11.07

Salvador - VI

Precisamos de uma banda, e ontem fui ao Bairro Alto de Salvador à procura de uma. "Bairro Alto" é uma hipérbole: tudo se passa numa rua. Mas que rua! Pessoas a pé, sentadas, a dançar, a beber, a comer nas barracas, carros em sentidos contrários (só pode passar um de cada vez, as discussões são inimagináveis), com sistemas de som de fazer inveja a muitas discotecas, mais pessoas, motas e motas e mais motas, os sistemas de som parados em segunda fila, uma cacofonia indescritível, o cheiro da comida, das bancadas de caipirinha e caipiroska e frutas e espetos, estímulos para todos os sentidos. No porta-bagagens aberto de um automóvel um Coleman e um bocado de cartão com, escrito à mão, "Promoção: Latão R$2,00". Um carro da polícia avança e ficamos, ele e o nosso táxi, entalados porque um grupo de três miúdas estava a beber cerveja encostado a um carro estacionado e não achou necessário deslocar-se: as garrafas estavam pousadas na rua, não fosse a pintura do carro estragar-se, provavelmente, e o chauffeur do táxi não queria entornar-lhe a cerveja. Só ao fim de um largo momento decidiram mexer-se.

O nosso destino era a Associação Ilé Aiyé, uma associação cultural para a difusão da cultura negra, um enorme hall de dança que me fez pensar em África (tudo me fazia pensar em África - só hoje vi que aquilo é o maior bairro negro de Salvador, com 600,000 habitantes), ou numa versão gigante do Ritz Club; depois da nossa conversa com o director do centro, ficámos um bocado mais, a ouvir um dos grupos da noite, Araketu & Convidados, uma banda cuja cantora tem uma energia que cansa só de a ver, mas que faz abortar em segundos qualquer tentativa de ficar parado "a ver".

O site do Ilé Aiyé merece uma visita. O local muitas.


Centro Cultural Senzala do Barro Preto
Rua do Curuzu 228
Liberdade
Salvador

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.