28.2.08

Cidade, vida



Um dia saiu de casa e sentiu na pele as ruas, a luz, o jardim, a pastelaria, as pedras da calçada, o trajecto até ao escritório, a loja de ferragens da esquina, o talho com a carne toda pendurada (mais arrumada do que casacos num alfaiate), a ginginha, a senhora do restaurante que lhe dá uma aguardente que "não é caseira, é só de uma marca diferente da que está na garrafa", o rio, o senhor dos jornais, o tráfico, já intenso, o Claustro da Sé ou o dos Jerónimos, o Cabaret Maxime e o Hot Club, a vista da Rua do Jasmim para o Tejo, o Clube de Jornalistas, o calor, o calor; tudo isso sentia na pele, e pensou "é uma relação erótica, a que eu mantenho com esta cidade". Leu os jornais, bebeu o café, e corrigiu: "Com a vida".



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