14.9.08

Altruísmos

Se eu fosse altruísta organizaria viagens pela Flandres francesa, grandes almoços de mexilhões com batatas fritas servidos em tigelas do tamanho de alguidares, acompanhados por cervejas espessas em pequenos restaurantes ao bordo de canais cobertos de nevoeiro. Fá-lo-ia na primavera quando o verão é às vezes uma esperança e outras uma traição; ou no Outono, quando o vermelho das folhas ajuda a esquecer os dias quentes e ensolarados que passaram e os de inverno que aí vêm, e inunda o nevoeiro de cores que não são cores, são tentações.

Se eu fosse altruísta falaria nisto a toda a gente, gritá-lo-ia nos telhados, agora que o outono está à porta e com ele o nevoeiro em chamas, as cervejas encorpadas e a vontade de dias muito frios e muito quietos, no sofá à frente da lareira.

Mas não sou altruísta, e quero isto tudo só para ti, e para mim.

1 comentário:

  1. Anónimo00:49

    Se eu fosse altruísta ofereceria esse nevoeiro em chamas a um pintor, para vê-lo eternizado. Mas não sou, e fico com ele só para mim.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.