Este artigo sobre as praxes é surpreendente. E ajuda decerto a explicar o lixo que sai das nossas universidades.
"Pessoalmente, não a considero a mais correcta, mas todos os estudantes daquele curso gostam de passar pelo esterco e alguns até no segundo ano pedem para passar por aquilo outra vez! Nunca houve queixas e já é uma tradição", explica, muito sério, um (presumo que) jovem senhor, de seu nome António Gualdino, Presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora.
Às vezes pergunto-me se não seria preferível o tempo em que os presidentes das AE eram trotskistas, maoistas ou leninistas.
"Pessoalmente, não a considero a mais correcta, mas todos os estudantes daquele curso gostam de passar pelo esterco e alguns até no segundo ano pedem para passar por aquilo outra vez! Nunca houve queixas e já é uma tradição", explica, muito sério, um (presumo que) jovem senhor, de seu nome António Gualdino, Presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora.
Às vezes pergunto-me se não seria preferível o tempo em que os presidentes das AE eram trotskistas, maoistas ou leninistas.
Pois é... as praxes servem muitas vezes para justificar humilhações crueis sobre os mais fracos (nem que seja temporariamente), perpetradas por quem não consegue exprimir-se de outra maneira. Mas isso não é o pior: o pior é ue essas práticas sejam autorizadas, alimentadas e não punidas, na maioria dos casos.
ResponderEliminarTransformou-se uma brincadeira numa verdadeira aberração.
Os presidentes trotskistas, maoistas ou leninistas nem sempre me pareceram pessoalmente empenhados na causa da higiene, Luís. Mas tinham, sem dúvida, a vantagem de respeitar a higiene dos outros (refiro-me à higiene física, claro). :-)
ResponderEliminarQuando andava na Escola Náutica tive problemas graves com os então dirigentes da A. E., trotskistas "ambos os dois" (peço desculpa, mas não resisto).
ResponderEliminarUm dia vieram ter comigo, mais sérios ainda do que o costume, e mais ameaçadores. Queixavam-se que na Escola Náutica não havia votações por unanimidade porque havia sempre um voto contra - o meu.
Vinham pedir-me, "obsequiosamente", que eu começasse a votar como todos os outros. Disse que não, claro. É necessário reconhecer que, em dois anos de vida comum (escolar, entenda-se) andámos muitas vezes perto do confronto físico, mas nunca lá chegámos.
Sempre votei como quis, sempre fiz o que quis - quase inevitável e invariavelmente contra, ou pelo menos sem, os meus colegas. A ideia de praxe era-me tão estranha como Paul Klee o será, provavelmente, a um marciano.
Não consigo perceber como é que há alunos que se submetem voluntariamente a estas praticas degradantes, humilhantes, infantilizantes; e como é que há dirigentes associativos que encorajam tal coisa. Não consigo perceber os mecanismos de grupo, mas isso é outra história.
Os "meus" trotskistas odiavam-me, viam em mim a semente da burguesia na Escola Náutica, uma versão com óculos do diabo - mas pelo menos respeitavam-me. O senhor Gualdino (se não me engano) demonstra, pura e simplesmente, não ter qualquer espécie de respeito pelos seus colegas. É vergonhoso que um indivíduo assim seja dirigente associativo, e confrangedor que os outros o aceitem.
Presumo, Luís, que o senhor Gualdino também tenha passado por uma praxe degradante qualquer. Estas experiências tornam as pessoas que ascendem a posições de comando muito ansiosas e lestas em infligir aos novos recrutas a humilhação que experimentaram. É o instinto da desforra na sua expressão mais «primitiva». E sempre é preciso ter alguma capacidade de questionamento e o requinte de alguma educação para escapar a «primitivismos».
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