...é o que estamos a ser, lisboetas em particular e portugueses em geral, com a ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara. Se uma história absurda como a que estamos a viver se passasse em África, nós diríamos "estes africanos são mesmo estúpidos". Mas não se passa em África: é em Portugal, em Lisboa, que o Governo, com a conivência da Câmara Municipal, se prepara para dar uma das zonas mais nobres da sua zona nobre, a Frente Ribeirinha, a uma empresa privada cujo administrador é um ex-responsável do partido Socialista.
Ontem, no Expresso Miguel Sousa Tavares dedica mais uma das suas crónicas a este tema ("Assalto a Lisboa"); a Revista de Marinha (não tem site, mas os pedidos podem ser enviados para revistamarinha@netcabo.pt) publica um excelente artigo do Eng. José Manuel Gonçalves Cerejeira sobre os Planos Estratégicos de Desenvolvimento do Porto de Lisboa, no qual se explica como e porquê foi decidido que o porto de contentores de Lisboa devia ser na Golada (e porque é que não foi, na década de 90 - a saber, oposição dos ecologistas; mais uma vitória dos ambientalistas, pela qual agora vamos todos pagar).
A ampliação do Terminal de Alcântara tem a oposição de praticamente todos os especialistas com quem falei sobre o assunto, desde que não estejam ligados à APL ou à Liscont, claro. E vai prosseguir, tudo indica que vai prosseguir.
Uma passagem do artigo do Eng. Cerejeira que menciono acima (sublinhados meus):
"Com a ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara a cidade de Lisboa vai sair enormemente prejudicada, por muitos mais anos, com uma instalação portuária dentro dela e cercada pelas zonas mais nobres da cidade, pois além de ficar emparedada com pilhas de contentores de 15m de altura e 1,5km de comprimento e com o triplo dos equipamentos actuais, irá sofrer um siginificativo aumento dos tráfegos de atravessamento rodo-ferroviário e de navios. Além disso, perde-se uma excelente oportunidade para reabilitar e estabilizar, com carácter permanente, a praia da Caparica.
Além dos elevadíssimos custos que a ampliação do terminal de Contentores de Alcântara e a construção das respectivas acessabilidades irão ter, o País terá que continuar, por muitos mais anos, agastar fortunas a colocar enrocamentos nos esporões da praia da Caparica, a alimentar com areias essa praia, a dragar essas mesmas areias que continuamente vão obstruindo o canal de navegação de acesso marítimo ao porto [!] e a executar dispendiosas obras de protecção da margem direita do rio que, sem o banco do Bugio, fica exposta aos temporais de SW.
Por fim, como se tudo o que antecede não bastasse, está actualmente a ser gasta outra fortuna na construção de um novo terminal de cruzeiros em Santa Apolónia, quando a cidade já tem o de Alcântara que, além de dispôr dessa tradição e estar situado em local muito privilegiado para o efeito, tem todas as condições para, com custos relativamente reduzidos, ficar devidamente apetrechado com os requisitos exigidos num moderno terminal desta natureza [!!!] .
Confrontada a sociedade com a evolução dos acontecimentos, que contrariam frontalmente as linhas de força do Plano Estratégico (1990/1992) e as orientações do Plano Estratégico (2006/2007), na fase final em que este se encontrava, será importante e legítimo ela questionar os responsáveis deste País e, em especial, os da APL, quais são, na realidade, as obras que visam garantir o futuro do porto de Lisboa".
PS - encontrei um link para o artigo completo do Eng. Cerejeira, aqui.
Ontem, no Expresso Miguel Sousa Tavares dedica mais uma das suas crónicas a este tema ("Assalto a Lisboa"); a Revista de Marinha (não tem site, mas os pedidos podem ser enviados para revistamarinha@netcabo.pt) publica um excelente artigo do Eng. José Manuel Gonçalves Cerejeira sobre os Planos Estratégicos de Desenvolvimento do Porto de Lisboa, no qual se explica como e porquê foi decidido que o porto de contentores de Lisboa devia ser na Golada (e porque é que não foi, na década de 90 - a saber, oposição dos ecologistas; mais uma vitória dos ambientalistas, pela qual agora vamos todos pagar).
A ampliação do Terminal de Alcântara tem a oposição de praticamente todos os especialistas com quem falei sobre o assunto, desde que não estejam ligados à APL ou à Liscont, claro. E vai prosseguir, tudo indica que vai prosseguir.
Uma passagem do artigo do Eng. Cerejeira que menciono acima (sublinhados meus):
"Com a ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara a cidade de Lisboa vai sair enormemente prejudicada, por muitos mais anos, com uma instalação portuária dentro dela e cercada pelas zonas mais nobres da cidade, pois além de ficar emparedada com pilhas de contentores de 15m de altura e 1,5km de comprimento e com o triplo dos equipamentos actuais, irá sofrer um siginificativo aumento dos tráfegos de atravessamento rodo-ferroviário e de navios. Além disso, perde-se uma excelente oportunidade para reabilitar e estabilizar, com carácter permanente, a praia da Caparica.
Além dos elevadíssimos custos que a ampliação do terminal de Contentores de Alcântara e a construção das respectivas acessabilidades irão ter, o País terá que continuar, por muitos mais anos, agastar fortunas a colocar enrocamentos nos esporões da praia da Caparica, a alimentar com areias essa praia, a dragar essas mesmas areias que continuamente vão obstruindo o canal de navegação de acesso marítimo ao porto [!] e a executar dispendiosas obras de protecção da margem direita do rio que, sem o banco do Bugio, fica exposta aos temporais de SW.
Por fim, como se tudo o que antecede não bastasse, está actualmente a ser gasta outra fortuna na construção de um novo terminal de cruzeiros em Santa Apolónia, quando a cidade já tem o de Alcântara que, além de dispôr dessa tradição e estar situado em local muito privilegiado para o efeito, tem todas as condições para, com custos relativamente reduzidos, ficar devidamente apetrechado com os requisitos exigidos num moderno terminal desta natureza [!!!] .
Confrontada a sociedade com a evolução dos acontecimentos, que contrariam frontalmente as linhas de força do Plano Estratégico (1990/1992) e as orientações do Plano Estratégico (2006/2007), na fase final em que este se encontrava, será importante e legítimo ela questionar os responsáveis deste País e, em especial, os da APL, quais são, na realidade, as obras que visam garantir o futuro do porto de Lisboa".
PS - encontrei um link para o artigo completo do Eng. Cerejeira, aqui.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.