21.11.08

Não digas nada

Já me disseram tudo o que havia para dizer; já ouvi tudo e nunca disse nada, quase nada - mal conheço os sons, quanto mais as palavras, coitadas, úteis como cumulus num céu de verão: enfeitam, mas não mudam nada.

Não me fales, não me peças para falar: deixa que as mãos, a pele, os ventres o façam; deixa que os nossos dentes se toquem, que os cabelos se emaranhem, que as mãos se confundam e as pernas se entrelacem; deixa as línguas explicarem-se, elas que têm tanto a dizer-se. Não me peças para falar: nada tenho a dizer. Sou um deserto sem oásis, um mar sem ilhas, uma lua sem crateras, uma árvore sem folhas, e sem raízes.

Sou eu sem ti.

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