20.2.09

Sorte

Há pessoas para quem o mundo, e as coisas, são a preto e branco. Eu acho que é uma sorte. Num artigo no OJE de hoje, uma senhora chamada Sofia Santos escreve: "Se eu comprar mais uma T-Shirt cuja probabilidade de ter sido feita por uma criança que não vai à escola for elevada, na China ou em Portugal, ficarei bem com a minha consciência?"

A resposta correcta, claro, é "não, não fico". Naturalmente, a possibilidade de essa criança ir parar a, por exemplo, um prostíbulo por não poder fazer T-shirts não provoca engulhos de consciência às senhoras (e senhores) Sofia Santos deste mundo, para quem o mundo infantil se divide entre fábricas de T-shirts e escolas. Infelizmente, tal não é o caso, mas isso não lhes passa, sortudos que são, pelo espírito.

Será que as nossas escolas de jornalismo só ensinam a debitar baboseiras, lugares-comuns e banalidades que nem de base são?

1 comentário:

  1. É mesmo, Luís. A senhora fica muito contentinha com a sua consciência e nem sequer lhe passa pela cabeça a realidade: ou seja, as alternativas à fábrica de t-shirts. Triste, este novo jornalismo light.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.