24.3.09

Do Tejo

Do Tejo, a cidade parece querer cair para o Tejo: os prédios uns em cima dos outros como se estivessem vivos, o cacilheiro a dar a impressão de que vai entrar directamente pela cidade acima, sem parar. A Sé está um pouco perdida ali, ela que tem tantos anos, tantos tremores de terra a mais do que o resto. A alta focal não esmaga apenas a perspectiva: esmaga também o tempo e subitamente ente aqueles prédios todos formam uma unidade, uma massa indistinta de tempo e de beleza.

Ali vive, trabalha, passa gente? Sim. Mas não é necessária: o cenário pertence às pedras e ao tempo, vistas da água. Aquelas pedras têm vida que chegue para dispensar outras vidas; não são bem pedras, aliás: é a vida feita casas, pedras e beleza."

(Nota: Este texto é uma adaptação de um comentário que deixei num post do Nocturno.)

1 comentário:

  1. Que pena tenho, Luís, de não tirar só fotografias que o estimulem. Lisboa tem vida e alma próprias nas suas palavras, quase como um «corpo perfeito» que vemos «entrar no metro, no outro lado da estação». :-)

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.