«Os valores de Bento XVI não são os valores de um governo, de uma ONG ou de um indivíduo que tenta limitar o imenso desastre da sida em África. São valores de outra ordem. São valores de uma ordem religiosa, que cada vez menos se percebem ou respeitam no Ocidente. Não vale por isso a pena discutir a moral sexual da Igreja (e do Papa). Vale a pena garantir que ela não invade a esfera da liberdade civil. Ora Ratzinger não andou por África a pedir que se proibisse o preservativo. Pediu aos católicos que prescindissem dele, em nome de uma perfeição que os católicos escolheram procurar. A influência dele é, neste capítulo, deletéria? Inegavelmente. Convém que ela não alastre em África (e na Europa)? Sem a menor dúvida. Mas sem esquecer que o Papa está no seu direito e no seu papel.»
Vasco Pulido Valente, Público
Vasco Pulido Valente, Público
(Do Portugal dos Pequeninos)
Discordo, Luís, na questão da «influência deletéria». Acho que todos os caminhos podem e devem ser testados – e, se calhar, até conjugados - dependendo das sensibilidades de cada um. Haverá certamente os que preferem um caminho monogâmico, de fidelidade. Outros (poucos? nenhuns?) um caminho de abstinência. Outros, ainda, a terceira via. O que não vale é excluir um ou outro caminho, e talvez aí as palavras da Igreja devam ser, ou mais cautelosas, ou menos deturpadas pelos «media» (não sei qual é o caso).
ResponderEliminarP.S.: De resto, com as campanhas que há, desde há anos, em prol do preservativo, gostava de ver avaliados (quantificados) os resultados.
Luísa, viva.
ResponderEliminarSão 5 da manhã, horas impróprias para teologia, e para anjos. Respondo daqui a bocadinho. Pode ser?
Estou saturada deste assunto. A Igreja Católica que continue com as suas campanhas incompreensíveis e que faça o que quiser (excomungar crianças violadas e médicos, dar cobertura a quem nega a existência do holocausto, contrariar um trabalho de décadas, no terreno, de voluntários contra o alastramento das doenças venéreas em África, etc.). Estou farta. E cheguei a uma conclusão simples, que me teria poupado muito trabalho e angústia se me tivesse aparecido há mais tempo: o problema é meu, e é de identificação. Sei que sou cristã - disso não tenho a menor dúvida - mas a Igreja Católica já não me satisfaz como resposta nem como caminho. Nada que me mate, enfim, e assim é muito mais claro.
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