Hoje descobri que o Snob - que se não fosse o que é seria um bar medíocre, mas como é o que é é um bar soberbo - tem whisky Old Parr, a pouco mais do que o outro: seria preciso beber cinco Old Parr para pagar seis dos normais. Vale a pena: de qualquer forma, ao fim do quinto não se nota a diferença. Isto é: o sexto seria um desperdício. Devemos lutar contra os desperdícios. E contra Newton (missing link), coitado, que descobriu o que toda a gente já sabia: se se beber demasiado whisky quem ganha é o Rão Kyao, que tem o melhor disco de fado que conheço. Ou o único, vá saber-se.
As andorinhas continuam a bater-me à porta, cor-de-rosa como os elefantes do mito, e saltitonas. Ainda bem; é para isso que elas são feitas, as avezinhas: para ser felizes, o que não está no menu da casa. Por cá, só as há com um grão na asa, com a cabeça num grão, com os olhos num molho de bróculos (isto só porque rima com óculos, consideração e possibilidade que deixo à consideração dos possíveis leitores - felizmente já posso usar o plural). Prefiro albatrozes, de qualquer forma: não mexem as asas durante dias, e quando vamos a ver não podemos passar sem aquele silêncio, aquela graça. Infelizmente nunca os vi com o céu azul. Defeito meu, sem dúvida.
Rão Kyao tem um disco de fado que é sublime: parece que o saxofone foi criado para tocar fado, ou o fado para o sax. Chama-se Fado Bailado. Por mim, não hesitaria: comprá-lo-ia outras duas ou três vezes. E lê-los-ia todos ao mesmo tempo, a acompanhar Knut Hamsun, o único escritor a saber o que se passa nas profundezas - leiam "Mystères" e digam-me. Enfim, vou dormir-me: ainda não bebi whiskies que cheguem para esquecer a matemática, os fados, Rão Kyao e muito menos os albatrozes, que chegam amanhã pela madrugada, como se fossem o sol.
(Para a S.S, S.R.-S, H.B., H.S e todos os albatrozes que me sobrevoaram os dias, as vidas)
As andorinhas continuam a bater-me à porta, cor-de-rosa como os elefantes do mito, e saltitonas. Ainda bem; é para isso que elas são feitas, as avezinhas: para ser felizes, o que não está no menu da casa. Por cá, só as há com um grão na asa, com a cabeça num grão, com os olhos num molho de bróculos (isto só porque rima com óculos, consideração e possibilidade que deixo à consideração dos possíveis leitores - felizmente já posso usar o plural). Prefiro albatrozes, de qualquer forma: não mexem as asas durante dias, e quando vamos a ver não podemos passar sem aquele silêncio, aquela graça. Infelizmente nunca os vi com o céu azul. Defeito meu, sem dúvida.
Rão Kyao tem um disco de fado que é sublime: parece que o saxofone foi criado para tocar fado, ou o fado para o sax. Chama-se Fado Bailado. Por mim, não hesitaria: comprá-lo-ia outras duas ou três vezes. E lê-los-ia todos ao mesmo tempo, a acompanhar Knut Hamsun, o único escritor a saber o que se passa nas profundezas - leiam "Mystères" e digam-me. Enfim, vou dormir-me: ainda não bebi whiskies que cheguem para esquecer a matemática, os fados, Rão Kyao e muito menos os albatrozes, que chegam amanhã pela madrugada, como se fossem o sol.
(Para a S.S, S.R.-S, H.B., H.S e todos os albatrozes que me sobrevoaram os dias, as vidas)
Adoraria escrever «posts» assim, Luís, ao sabor do pensamento e da imaginação, sem espartilhos lógicos, sem condicionamentos temáticos… e até com um (felizmente) «missing link». ;-)
ResponderEliminarObrigado, Luísa. Para lhe dizer a verdade, gosto de os escrever. A lógica e os temas que vão pentear macacos, não é?
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