21.7.09

Pouco a pouco

Pouco a pouco as palavras encontram o seu caminho: tu. Pouco a pouco o mundo destrói-se, reconstrói-se, desaba, desfaz-se em poeira de palavras que não foram ditas, que querem ser ditas. Palavras simples: um verbo e um pronome reflexo, por exemplo.

Caminho com um saco delas: vogais, consoantes, vírgulas, pontos, reticências, pontos de exclamação; e de interrogação - a maioria. Um saco inútil: há "talvez" e "não"; pontos de interrogação; reticências. Tudo o mais é a mais.

Pouco a pouco entro no porto do teu corpo, como um navio numa doca, ave cansada numa gaiola, ou palavras no fim da noite. Como o sol a descarregar luz em cima dos nossos corpos abertos para a receber, numa prece resignada ao Deus da inevitabilidade. Como uma súplica em linguagem gestual para cegos.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.