11.8.09

Retratos sucintos - Desconhecida I

É pequena, e magra. Tem cabelos compridos, amarrados num carrapito improvisado por causa do calor. Vestido estampado, fora de moda (parece-me, não percebo nada de modas. Talvez seja intemporal).

Seios pequenos. Acariciar-lhos-ia com dois dedos - não há lugar para mais; como se estivesse a sintonizar uma SSB ou um gónio num dia de má recepção. Senta-se com as pernas abertas e vejo-lhe aquilo a que antigamente se chamava uma combinação. Hoje deve ter outro nome, mas a função é a mesma.

As pernas são desproporcionadamente grandes para o corpo; mas o conjunto, mesmo assim, é elegante, harmonioso, bonito.

O sorriso é sensual - ri-se com a alma, ou mostra-a, quando sorri. Fala com energia e entusiasmo. Gesticula, mas não demasiadamente.

Faz fotografia com uma Rolleiflex ainda mais antiga do que a minha. Se eu quisesse, apaixonar-me-ia por ela. Chama-se Margarida, quase de certeza; no Verão dar-lhe-ia a mão, por cima dos ombros. O meu braço aflorar-lhe-ia um dos seios (o direito, claro); no bar pedir-lhe-ia para cruzar as pernas. Ninguém imagina o poder sedutor de uma combinação.

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