6.9.09

Memória

Há cerca de 250 anos tive que vir a Portimão. Não me lembro do motivo: a única coisa que me ficou dessa estadia foi um bar pequenino, na Praia da Rocha, cujo barman fazia uns cocktails divinos. Estava sempre vazio - devia ser no Outono, ou no Inverno. Ia lá muitas vezes - enfim, enquanto por cá estive.

Passei muitos anos sem cá voltar; por vezes, aquando das raras escalas, procurava o tal bar, mas nunca o encontrei. Até que o varri, naturalmente, da memória. Ontem passei à frente dele e reconheci-o (até ouvi o clic nos circuitos neuronais). A memória tem destas coisas: ora parece um disco riscado, ora faz lembrar um potro aos saltos numa pastagem orvalhada de Primavera.

Fui atendido pelo filho do dito senhor, que ainda lá está e em cujo rosto consegui ver os traços de há tantos anos (nutro por um bom barman a admiração sem limites que outros têm por jogadores de futebol, ou actrizes de telenovela). Os cocktails - pelo menos o que bebi - continuam bons.

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