Às vezes apetece-me fazer uma declaração de amor; não sei se vos acontece a mesma coisa. Quando se tem uma namorada, ou uma mulher, mesmo, casada connosco é fácil. Mas quando não se tem é mais chato. É preciso ir à caça a um lado qualquer e ter muito cuidado. Uma mulher aceita com certa facilidade que se lhe diga que se quer ir para a cama com ela; mas muito menos que se lhe diga "preciso de fazer uma declaração de amor".
De maneira muitas vezes é preciso amá-las antes de fazer a declaração. Ultimamente tenho descoberto que se a fizer antes nem sequer tenho de ir à cama: elas assustam-se e vão-se logo embora (o que, de passagem se diga, também não é o objectivo. Preferia de longe que se fossem embora felizes, contentes e satisfeitas; não assustadas).
Acho que já aqui o disse, há dois nomes femininos dos quais gosto muito: Clara e Laura. Hoje encontrei por acaso uma Clara no Café Malaca. Clara é uma velha amiga, das poucas que tenho. Conheço-a há muito tempo e ambos nos lembramos, cada vez que nos vemos, de nos esquecer que já fomos para a cama duas ou três vezes, por razões diferentes (se calhar foi por isso que continuámos amigos. Talvez).
Ela estava numa mesa com o actual namorado (já me falou dele o suficiente para eu o reconhecer). Aproximei-me da mesa onde estavam e disse "Clara, desculpa, precisava de te dizer uma coisa muito rápida"; e depois para o namorado, sem lhe dar tempo a ela de responder "importa-se que lha roube por um minuto só?" Ele acenou que sim, um bocado incomodado e ela levantou-se a contragosto. Mas peguei-lhe no braço e forcei-a ligeiramente. Viemos para a beira do rio e disse-lhe "não me interessa que sejas bonita, mas és; nem que sejas inteligente. As tuas qualidades interessam-me tanto como os teus defeitos: nada. Quero apenas que saibas que se a vida tivesse um sentido tu serias esse sentido; e que cada vez que me lembro dos teus olhos e do sol nos teus olhos vejo os olhos todos do mundo e penso que a luz existe para ti. Quero que saibas também que a superfície dos mares todos é menor do que a da tua pele, e a profundidade deles menor do que a do teu olhar. Quero que te lembres, quando alguém te disser que te ama, que eu to disse uma vez só: todos os dias, todo o dia. Quero que saibas que amor sem ti seria um substantivo abstracto e só tu lhe dás corpo; e que sem ti não existe tempo, e contigo tão pouco, porque tu és o tempo todo que foi, é e será."
Depois levei-a de volta ao namorado, apesar de ainda ter para mais duas ou três vidas com ela.
De maneira muitas vezes é preciso amá-las antes de fazer a declaração. Ultimamente tenho descoberto que se a fizer antes nem sequer tenho de ir à cama: elas assustam-se e vão-se logo embora (o que, de passagem se diga, também não é o objectivo. Preferia de longe que se fossem embora felizes, contentes e satisfeitas; não assustadas).
Acho que já aqui o disse, há dois nomes femininos dos quais gosto muito: Clara e Laura. Hoje encontrei por acaso uma Clara no Café Malaca. Clara é uma velha amiga, das poucas que tenho. Conheço-a há muito tempo e ambos nos lembramos, cada vez que nos vemos, de nos esquecer que já fomos para a cama duas ou três vezes, por razões diferentes (se calhar foi por isso que continuámos amigos. Talvez).
Ela estava numa mesa com o actual namorado (já me falou dele o suficiente para eu o reconhecer). Aproximei-me da mesa onde estavam e disse "Clara, desculpa, precisava de te dizer uma coisa muito rápida"; e depois para o namorado, sem lhe dar tempo a ela de responder "importa-se que lha roube por um minuto só?" Ele acenou que sim, um bocado incomodado e ela levantou-se a contragosto. Mas peguei-lhe no braço e forcei-a ligeiramente. Viemos para a beira do rio e disse-lhe "não me interessa que sejas bonita, mas és; nem que sejas inteligente. As tuas qualidades interessam-me tanto como os teus defeitos: nada. Quero apenas que saibas que se a vida tivesse um sentido tu serias esse sentido; e que cada vez que me lembro dos teus olhos e do sol nos teus olhos vejo os olhos todos do mundo e penso que a luz existe para ti. Quero que saibas também que a superfície dos mares todos é menor do que a da tua pele, e a profundidade deles menor do que a do teu olhar. Quero que te lembres, quando alguém te disser que te ama, que eu to disse uma vez só: todos os dias, todo o dia. Quero que saibas que amor sem ti seria um substantivo abstracto e só tu lhe dás corpo; e que sem ti não existe tempo, e contigo tão pouco, porque tu és o tempo todo que foi, é e será."
Depois levei-a de volta ao namorado, apesar de ainda ter para mais duas ou três vidas com ela.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.