"Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo:
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
Com dor, da gente fugia,
antes que esta assi crecesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
tamanho imigo de mim?"
"Tamanha esperança é perdida,
tudo veo a felecer,
e o que fica da vida
ficou para m'eu perder.
Aquela esperança minha,
assi falsa e vã como era,
cos olhos que eu nela tinha,
a todo o mal me atrevera.
Ora ela é toda perdida;
mas não m´hão de fazer crer
que não há mais nesta vida
senão nascer e morrer!"
In "Poesias escolhidas", ed. Seara Nova, 1970
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.