A CP (uma empresa que, relembro, acredita que o TGV é uma prioridade) fez recentemente uma mudança de bilhética. Uma mudança catastrófica de bilhética; alguns adjectivos são importantes e não devem ser escamoteados. Em breve será, creio, estudada nas escolas de gestão como exemplo do que não se deve fazer. Quem, como eu, utiliza a linha de Cascais de uma forma que não justifica a compra de um passe mensal deve, cada vez que o faz, sofrer a confrangedora (e não só confrangedora; revoltante: a CP custa muito dinheiro aos contribuintes) incompetência daquela administração. Hoje na estação do Cais do Sodré era o caos: as máquinas instaladas não têm débito para tanto movimento (e não vale a pena virem-nos dizer que as viagens se podem comprar adiantadamente - os turistas não seriam talvez a maioria dos passageiros que pretendiam comprar bilhetes, mas eram em número significativo) pelo que as bichas eram monstruosas; algumas das máquinas estavam avariadas; os poucos funcionários da CP presentes faziam corajosamente face aos protestos dos passageiros fugindo (com uma notável e honrosa excepção). Estive mais de dez minutos numa bicha que avançou talvez de dois ou três lugares porque as máquinas são lentas, não são intuitivas, e - aquela onde estava - não aceitava notas. Acabei por apanhar o eléctrico até Belém - onde ainda há máquinas das antigas, e lá comprar o bilhete.
Não tenho nada, note-se, contra a bilhética sem contacto. Em Paris e Londres é esse o método usual e funciona muito bem. O que está errado em Lisboa é a forma como a transição foi feita - parece que foi gerida por um adolescente sob LSD. Cada vez que apanho o comboio em Cascais ou Lisboa para Lisboa ou Cascais tenho que tirar o bilhete da carteira três vezes: uma para entrar na estação, outra para o mostrar ao controlador e outra para sair; apesar de serem iguais na forma (ou semelhantes, há uma diferença nos cantos) os cartões com viagens da CP não podem ser usados na Carris ou no Metro - o que de novo obriga a tirar o respectivo bilhete da carteira (isto apesar de haver passes combinados - se há passes, porque não bilhetes?); ao princípio costumava ter várias viagens no cartão, mas depois descobri que se tiver por exemplo uma viagem Lisboa - Cascais já não posso carregar uma Cascais - S. João do Estoril.
Pergunto-me se a CP não devia dar prioridade a melhorar o que tem, em vez de sonhar com TGV.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.