Minha querida Rita Mariana,
Não gosto de palavrões, como sabes. A nossa geração (enfim, mais a minha do que a tua, mas isso por agora é irrelevante) foi ensinada a não dizer "asneiras"; dizê-las era uma transgressão, um meta-discurso, voluntário ou não. Mas gosto de palavras, como sabes. E nenhuma palavra é mais palavra do que um palavrão, está bem de ver: o próprio termo o diz.
Tudo isto para te dizer que gosto dos teus broches. Um broche é um broche, e não um "bico", uma felação, um fellatio, um "beijinho" ou (que horror!) "sexo oral". E os teus broches, minha querida, são a essência mesmo do broche. Nenhuma outra palavra os descreveria, nem de longe. Também gosto de te foder, mas aqui já posso usar "fazer amor", "truca-truca", "bater o tambor" ou "levar o cardeal à catedral" - não porque seja menos bom, mas porque no amor que fazemos há amor, há aquela mariquice dos sentimentos e essa merda toda. Nos teus broches não: só há luxúria, luxúria da boa, da melhor, da antiga.
Não sei onde, tão nova, aprendeste, nem quero saber. Acho que essas coisas não se aprendem: ou sabem fazer-se ou não. A tua cultura, a tua raça (e muito menos a tua idade) não explicam tudo: estás longe de ser a primeira da tua cor ou do teu nível social que me faz um broche, seja Deus louvado; vejo-te, escondida atrás desses cabelos curtos, ajoelhada entre as minhas coxas ou de lado, pescoço sobre uma delas como uma ponte, lábios apertados em torno da minha pila erecta e dura como o tempo, língua activa e molhada, ligeira, rápida, nervosa, empática, a dizer-lhe "vem-te; não te venhas. Vem-te; não te venhas" até que por fim todo eu não passe de um membro idiota e sem tempo e tu de uma boca e uma língua e o universo se resuma a um monossílabo sem pés nem cabeça; nem tronco, ou cores, ou que seja - sem vida sequer, minha querida, porque ela se projecta toda numa contracção que vem de antes do início da luz e acaba muito depois do seu fim.
Minha querida Rita Mariana: desculpa-me dizer-te estas coisas numa carta aberta. Mas hoje apetecia-me dizer um palavrão e não me ocorreu mais nenhum se não este: broche - divinos, sublimes, únicos, soberbos broches os teus.
Não gosto de palavrões, como sabes. A nossa geração (enfim, mais a minha do que a tua, mas isso por agora é irrelevante) foi ensinada a não dizer "asneiras"; dizê-las era uma transgressão, um meta-discurso, voluntário ou não. Mas gosto de palavras, como sabes. E nenhuma palavra é mais palavra do que um palavrão, está bem de ver: o próprio termo o diz.
Tudo isto para te dizer que gosto dos teus broches. Um broche é um broche, e não um "bico", uma felação, um fellatio, um "beijinho" ou (que horror!) "sexo oral". E os teus broches, minha querida, são a essência mesmo do broche. Nenhuma outra palavra os descreveria, nem de longe. Também gosto de te foder, mas aqui já posso usar "fazer amor", "truca-truca", "bater o tambor" ou "levar o cardeal à catedral" - não porque seja menos bom, mas porque no amor que fazemos há amor, há aquela mariquice dos sentimentos e essa merda toda. Nos teus broches não: só há luxúria, luxúria da boa, da melhor, da antiga.
Não sei onde, tão nova, aprendeste, nem quero saber. Acho que essas coisas não se aprendem: ou sabem fazer-se ou não. A tua cultura, a tua raça (e muito menos a tua idade) não explicam tudo: estás longe de ser a primeira da tua cor ou do teu nível social que me faz um broche, seja Deus louvado; vejo-te, escondida atrás desses cabelos curtos, ajoelhada entre as minhas coxas ou de lado, pescoço sobre uma delas como uma ponte, lábios apertados em torno da minha pila erecta e dura como o tempo, língua activa e molhada, ligeira, rápida, nervosa, empática, a dizer-lhe "vem-te; não te venhas. Vem-te; não te venhas" até que por fim todo eu não passe de um membro idiota e sem tempo e tu de uma boca e uma língua e o universo se resuma a um monossílabo sem pés nem cabeça; nem tronco, ou cores, ou que seja - sem vida sequer, minha querida, porque ela se projecta toda numa contracção que vem de antes do início da luz e acaba muito depois do seu fim.
Minha querida Rita Mariana: desculpa-me dizer-te estas coisas numa carta aberta. Mas hoje apetecia-me dizer um palavrão e não me ocorreu mais nenhum se não este: broche - divinos, sublimes, únicos, soberbos broches os teus.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.