27.6.10

Gibraltar, 270610

Quando vim pela primeira vez - e até à quarta ou quinta foi assim - a Gibraltar a cidade era uma ilha de civilização num oceano de barbárie. Hoje a diferença não é tão grande; mas continua a ser uma prova de que o Reino Unido é o país mais civilizado do mundo. Talvez não "o mais"; mas aquele onde a civilização é melhor, onde os seus benefícios melhor coabitam com os seus defeitos, onde ela é mais agradável.

Gibraltar agora é muito mais igual a outras cidades; já não é única, já não se sente a mentalidade de cerco, não há 10,000 soldados a embebedar-se em bares sórdidos, e alguns deles a falar-me dos Steeleye Span ou a ensinar-me truques de copos. Já não se vêem senhoras da Salvation Army a distribuir folhetos sobre a temperança nas ruas; há uma Marina que está sempre cheia e onde sempre, não sei bem como, consigo um lugar. Os banhos públicos, onde um dia confundi "um banho" e "um duche", para grande raiva do senhor que me preparou uma banheira cheia de água amarela - e, mais uma prova de civilização, quando eu lhe expliquei o engano e me propus pagar-lhe recusou - também desapareceram.

Continua a ser um prazer cá vir. Gosto dos pubs - aconselho o Black Friar e o Clipper, este último melhor pela comida e pela escolha de cervejas à pressão, aquele pelo quadro, lindo; as livrarias - há pelo menos duas, o dobro das que havia há alguns anos; de ouvir diálogos que começam em inglês e acabam em espanhol ou, melhor ainda, no dialecto local, tão parecido com o português; gosto, sobretudo, desta ideia de estar entre três mundos: a Espanha, o Reino Unido, Marrocos.

2 comentários:

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.