26.3.11

Bequia, fim de tarde, brisa

Está tudo dito. Hoje vou dançar ao Bamboo Shoot. Tu ficas em casa, se quiseres.

"Casa" deveria ser esta baía na qual o sol de deita como um corpo que apanhou um escaldão entra numa cama. As bandeiras do Captain Mack's pendem, desalentadas. "Casa" não é aqui, para ti nem para mim nem para ninguém: casa és tu, é onde tu estás.

O problema das palavras não é serem poucas; é serem de mais. Uma palavra chegaria para resumir "mundo", definir "casa"; uma palavra. Mas seria necessário que estivesses ao meu lado: as palavras precisam de corpos, tanto como os corpos eles próprios precisam de outros corpos; e de palavras. Os corpos precisam de palavras como de brisas de fim de tarde numa baía na qual o sol se deita como se tivesse medo de se magoar. Ou de te magoar, vá saber-se.

O vento está a cair; já não é vento sequer. A passagem de St. Vincent para aqui foi demasiado breve; a brisa só serve para prolongar aqueles momentos. Acaricia-me a pele como tu, e alimenta-me a memória. O fim de uma tarde em Bequia é o fim de todas as tardes em todas as vidas do mundo.

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