10.4.11

Cascaiagem

O termo surgiu-me por oposição a shangaiagem, essa prática que consistia em embebedar os vadios das tabernas dos portos, levá-los para bordo e largar, de forma a que eles acordassem já no mar e não tivessem outra alternativa se não integrar a tripulação. Quem a fazia não eram apenas os oficiais dos navios - em alguns portos havia redes organizadas de "ladrões de homens".

Cascaiagem é o contrário - consiste em embebedarmo-nos (pouco,voluntária e gentilmente) para ficarmos presos a Cascais. Mas também pode ser entendido, pelos leitores mais terráqueos, como uma mistura de vadiagem e de Cascais.

Ontem Cascaiei, nas duas acepções do termo: descobri a papelaria Griffe, visitei o meu amigo Jorge no Golfinho, bebi um vinho soberbo no Hemingway, jantei em casa de um amigo grande e querido, acabei a noite na Casa do Largo, que agora tem um nome infeliz mas que conseguiu o prodígio de mudar radicalmente para continuar a ser o que era quando a conheci: um local acolhedor, com gente bonita e uma boa vibração, que me perdoem os leitores menos dados a estes malabarismos de linguagem (enfim, não era só isto, mas agora não interessa). Foi um dia bom. É curioso: escrevem-se tratados, organizam-se conferências, fazem-se filmes sobre a felicidade, e é tão simples: tu, meia dúzia de bons amigos, um dia de sol em Cascais.

2 comentários:

  1. reabriu a Casa do Largo? que óptimo, já cheguei a lá ir regularmente.

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  2. Reabriu, como restaurante e bar, Ana. Bastante simpático, boa onda. Jovem, bonito.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.