4.2.12

Diário de bordos - Antigua,04-02-2012

Frequentemente há eventos de beneficência, aos quais as pessoas aderem com entusiasmo. Hoje é uma goat race, uma corrida de estafetas pelos caminhos de montanha. Fui enrolado como voluntário e cheguei ao Mad Mongoose às seis da manhã. Houve muitas inscrições e algumas equipas já tinham começado - coisa notável, na manhã a seguir a uma noite de sexta-feira. 

Inscreveram-se oito equipas, mas é possível que ainda haja mais uma ou duas inscrições. Cada uma tem três pessoas. Ganha a que completar mais voltas.

Afinal acabei por não ser preciso - a senhora do organismo para o qual as receitas vão reverter trouxe mais gente do que o previsto - de maneira fui tomar o pequeno-almoço ao Skullduggery, Skull para os íntimos. É sábado em grande parte do mundo e tento lembrar-me de como eram os sábados nos diversos sítios por onde passei. Começavam invariavelmente com a edição semanal de um jornal - o FT (e às vezes também o Independent) em Londres, Le Monde em Paris e em Genebra, o Expresso, claro, em Lisboa (em Genebra lia-o aos domingos, porque chegava sábado à noite) - e um longo, longo café. Aqui não há jornais (há, mas são demasiado caros e chegam também com um dia ou dois de atraso). Nem jornais nem uma boa livraria onde comprar os livros que cada vez menos leio.

Vejo que morreu Ben Gazzara. A primeira vez que o vi foi em "They All Laughed", uma maravilhosa comédia romântica de Peter Bogdanovich, que tem um grande plano de perfil de Patti Hansen com um boné até às orelhas a guiar um táxi numa das pontes de Nova Iorque. Também gostava de ir ao cinema um bocadinho mais - quando estava em Lisboa pouco ia, mas há uma diferença muito grande entre não ir e não poder ir, não é? Há sempre, em tudo.

Hoje é sábado. No charter todos os dias são sábado, e nenhum é. Amanhã vou comprar o FT Weekend, para que o calendário não pense que ganha sempre.

E amanhã é domingo de Super Bowl. Pela primeira vez na vida vou assistir (pela televisão, claro) a essa mítica coisa, que só conheço devido à publicidade e de "ouvir ler". O nosso vizinho B. é um fanático. Já nos ensinou muita coisa; uma das quais é o preço demente dos bilhetes - os mais baratos começam nos mil e quinhentos dólares. Não é propriamente caridade.

Já reservámos os nossos lugares no Mad Mongoose (desnecessário é dizer), na primeira fila. O jantar vai ser chili con carne, entrecosto grelhado, hamburgers, cachorros quentes - game food, chama-lhe Connie. B. está excitado; nós curiosos. Gosto mais de ver futebol americano do que futebol do nosso, se calhar por ser exótico. Amanhã vou, talvez, perceber um bocadinho do jogo.

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