16.2.12

O amor que sinto por ti

É difícil descrever o amor que sinto por ti porque o amor que sinto por ti é parte de mim. É difícil falar de mim, não é? Seria como falar do meu sangue: "és o sangue do meu sangue" (já li isso algures, não sei onde); ou como falar da vida: "és a vida da minha vida" (idem). Falar do amor que sinto por ti seria como falar das coisas que fazem de mim o que sou: "és o vento do meu vento, o mar do meu mar, o ar do meu ar, o céu dos meus albatrozes". Não sei como dizer a alguém "és o céu dos meus albatrozes" sem parecer patético, ridículo ou coisa que o valha.

Verdade seja dita que não há formas não-ridículas de falar do amor que sinto por ti;  vento, mar, sangue e por aí adiante não são menos ridículos do que um albatroz, a coisa mais bonita que jamais vi voar. Não há ventos feios, nem mares (nem amores).

O amor que sinto por ti é uma parte de mim, como a luz é do sol, não sei, ou a beleza da lua, ou esta noite de que a chuva deixou o rio cheio e lindo parte do dia  que foi lindo e cheio como o rio que agora flui largo e rápido para o mar, parte de mim.

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