11.3.12

Duches inomináveis

Um dia comecei a numerar os duches: nº 1, nº 2, nº 3, nº 4 e assim por diante. O primeiro era o primeiro da manhã, sempre; mas a partir do segundo a ordem deixava de ser cronológica e começava a ser qualitativa: o segundo melhor, etc.

Parei rapidamente: não sabia distinguir um duche muito muito bom de outro meramente muito bom. Dificuldade que de resto acontece a muitas outras coisas, algumas até inclusivamente inomináveis. Ora toda a gente sabe que não se pode contar o que não se pode nomear (e não se pode gerir o que não se pode contar, mas para isso chamo um gestor de duches).

Decidi deixar de os numerar e passei a dar-lhes nomes: duche da manhã, duche de depois de, duche de antes de, duche do almoço, duche da sesta; e assim sem fim.

Talvez o ideal seja misturar as duas ordens. Hoje por exemplo poderia ter tomado o duche nº 1, depois o duche do camião I, o do camião II, o pré-jantar, e finalmente o 4, o do sono.

Mas não sei se dar nomes ou números aos duches serve verdadeiramente para os identificar. Daqui a pouco menos de uma semana os duches todos serão uma amálgama de duches, sem nome ou número. Não sei mesmo se serviria para o que quer que fosse. Duches há muitos, mas só os inomináveis merecem menção (são imencionáveis) e memória (são inesquecíveis).

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