- Você tem um hálito de quem não lava os dentes há muito tempo.
- Dois meses e meio, mais ou menos.
- ...
- Não os lavo mais frequentemente para poupar a escova de dentes, presente de uma namorada por quem me apaixonei perdidamente, e me deixou pouco depois.
- Vá lá saber-se porquê.
Grace era a minha dentista. Este foi o nosso primeiro diálogo.
Era pequenina, tinha uns seios muito volumosos e uma cruz de David ao pescoço. Quando cirandava à minha volta os seios tocavam-me na cabeça, no rosto, às vezes - mais raramente - no peito.
- Com essa anestesia não preciso da outra - disse-lhe um dia.
Ela apertou um bocadinho a broca, mas sorriu e não disse nada.
Quem pensa que o mau hálito afasta as pessoas devia começar a frequentar dentistas.
Verdade seja dita que agora já lavava os dentes três vezes ao dia, como ela tinha dito. Enfim, dito é inexacto. Da conjugação dos verbos portugueses Grace só retivera um tempo, o imperativo. "Está a chover" dito por ela soava como "chove! Já!" por Mandrake, ou alguém do género. Ordenara.
Hoje lamento ter falado tão pouco com ela. Pelo que percebi era mulher de um engenheiro português que se convertera ao judaísmo e emigrara para Israel. Mas ao fim de meia dúzia de meses veio-se embora, com ela e com pena. Não falava hebraico, e descobriu que em Israel é importante.
Grace começou por trabalhar numa clínica dentária no Estoril, mas em poucos anos abriu o seu própio consultório. Eu fui um dos primeiros clientes - já não ia a um dentista havia mais de quinze anos - e ela tinha muito tempo livre.
II
Um dia ela estava debruçada sobre mim e os seios tocavam-me a cara. Não resisti e estendi a mão. Gosto de fruta, sei apanhá-la quando está madura.
III
Grace senta-se em cima de mim quando estou na cadeira. Tem o cuidado de me pôr o tubo de aspiração na boca, de forma a que eu não possa falar. Comunicamos por gestos: "mais devagar" quando estou quase a vir-me e não quero; "mais depressa" quando vejo que está a esmorecer. É giro porque desde criança tenho horror aos dentistas, e nunca imaginei que um dia estaria a fazer amor com uma, e ainda por cima no consultório.
Gosto de a ver montada em mim, as mamas a saltar do soutien, a bata desabotoada e a cair, a saia levantada. Grace concentra-se no que faz, esfrega o ventre, belisca os mamilos aos quais não chego, por muito que tente. Não fala e não me deixa falar; às vezes vira-se de costas para mim e agarra-me nos pés como se estivesse a conduzir uma mota. Quando acabamos - é sempre ela quem decide - veste-se, acaba o que tem a fazer e manda-me embora.
Na recepcionista pago, marco a próxima consulta e vou para casa, onde Maria José me espera. Hoje perguntou-me "mas o tratamento ainda não acabou?".
- Já. Acabou hoje.
Pelo menos era o que dizia o SMS que recebi da recepcionista de Grace, mal saí do consultório.
- Dois meses e meio, mais ou menos.
- ...
- Não os lavo mais frequentemente para poupar a escova de dentes, presente de uma namorada por quem me apaixonei perdidamente, e me deixou pouco depois.
- Vá lá saber-se porquê.
Grace era a minha dentista. Este foi o nosso primeiro diálogo.
Era pequenina, tinha uns seios muito volumosos e uma cruz de David ao pescoço. Quando cirandava à minha volta os seios tocavam-me na cabeça, no rosto, às vezes - mais raramente - no peito.
- Com essa anestesia não preciso da outra - disse-lhe um dia.
Ela apertou um bocadinho a broca, mas sorriu e não disse nada.
Quem pensa que o mau hálito afasta as pessoas devia começar a frequentar dentistas.
Verdade seja dita que agora já lavava os dentes três vezes ao dia, como ela tinha dito. Enfim, dito é inexacto. Da conjugação dos verbos portugueses Grace só retivera um tempo, o imperativo. "Está a chover" dito por ela soava como "chove! Já!" por Mandrake, ou alguém do género. Ordenara.
Hoje lamento ter falado tão pouco com ela. Pelo que percebi era mulher de um engenheiro português que se convertera ao judaísmo e emigrara para Israel. Mas ao fim de meia dúzia de meses veio-se embora, com ela e com pena. Não falava hebraico, e descobriu que em Israel é importante.
Grace começou por trabalhar numa clínica dentária no Estoril, mas em poucos anos abriu o seu própio consultório. Eu fui um dos primeiros clientes - já não ia a um dentista havia mais de quinze anos - e ela tinha muito tempo livre.
II
Um dia ela estava debruçada sobre mim e os seios tocavam-me a cara. Não resisti e estendi a mão. Gosto de fruta, sei apanhá-la quando está madura.
III
Grace senta-se em cima de mim quando estou na cadeira. Tem o cuidado de me pôr o tubo de aspiração na boca, de forma a que eu não possa falar. Comunicamos por gestos: "mais devagar" quando estou quase a vir-me e não quero; "mais depressa" quando vejo que está a esmorecer. É giro porque desde criança tenho horror aos dentistas, e nunca imaginei que um dia estaria a fazer amor com uma, e ainda por cima no consultório.
Gosto de a ver montada em mim, as mamas a saltar do soutien, a bata desabotoada e a cair, a saia levantada. Grace concentra-se no que faz, esfrega o ventre, belisca os mamilos aos quais não chego, por muito que tente. Não fala e não me deixa falar; às vezes vira-se de costas para mim e agarra-me nos pés como se estivesse a conduzir uma mota. Quando acabamos - é sempre ela quem decide - veste-se, acaba o que tem a fazer e manda-me embora.
Na recepcionista pago, marco a próxima consulta e vou para casa, onde Maria José me espera. Hoje perguntou-me "mas o tratamento ainda não acabou?".
- Já. Acabou hoje.
Pelo menos era o que dizia o SMS que recebi da recepcionista de Grace, mal saí do consultório.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.