13.5.12

Pseudo-pacotilhas

Uma vez fui comprar o jornal e na banca encontrei uma senhora com quem tinha uma ténue e mais ou menos afastada relação profissional. Ela pediu o Diário de Notícias e eu o Público. "Ah, você lê Público?" perguntou. "Pois. É o jornal dos pseudo-intelectuais".

Aceitei a designação, claro. Não sou intelectual de todo e não tento passar por tal. Sou tão pseudo-intelectual como pseudo-advogado, pseudo-engenheiro ou pseudo-homem do lixo.

Hoje, uma senhora por quem tenho uma certa estima, apesar de não a conhecer pessoalmente chamou-me liberal de pacotilha (e duvidou da capacidade da categoria para educar crianças. Como tenho dois filhos muito bem educados, graças a Deus e à mãe deles, posso desde já asseverar que há pelo menos um liberal de pacotilha que conseguiu educar dois filhos correctamente).

As duas senhoras não têm nada em comum, rigorosamente nada, excepto talvez o facto de serem ambas verdadeiras: verdadeira intelectual uma, verdadeira empresária a outra. 

Aceitei  designação, também, obviamente. Não sou um filósofo político, não escrevo livros sobre o liberalismo e não contribuí em nada para a construção ou consolidação da teoria. Só não percebo é como conseguem assim tão rapidamente identificar-me como pseudo-pacotilha. Deve ser um sexto sentido como aquele que permite aos anões reconhecerem-se ao primeiro olhar.

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