"Que fazer num
domingo pluvioso?" pergunta algures no ciber-espaço uma jovem senhora. É
uma pergunta legítima (todas o são, menos as que incidem sobre a idade das
jovens senhoras e dois ou três pormenores inconvenientes de todos nós) e cuja resposta tem
vindo a ser dada há milénios, suponho (desde que há domingos, pelo menos; ou sábados, ou sextas-feiras).
Suponho também que a
resposta de um velho gordo e careca será substancialmente diferente da que uma
jovem e bonita senhora procura.
Ou seja, este post não é uma resposta àquela pergunta em
particular, mas à abstracção daquela pergunta.
Deverei começar por
dizer que aqui em St. Martin o dia está bonito, ventoso, ligeiramente nebulado
como convém à época? Talvez, não sei. Na verdade detesto praia, e apesar de ter
à portée de pied meia dúzia (pelo menos)
de praias lindas a ideia de ir a uma delas só me passaria pela cabeça mil anos
depois de gastas todas as outras opções.
E quais são, essas
opções?
a) Ir para a cama
com a pessoa amada, caso esta esteja à portée
de main;
b) Ir para a cama
com uma pessoa de quem se gosta, caso haja alguma nas imediações disposta a
isso;
c) Ir para a cama
com uma pessoa que se suporta, idem;
d) Ir para a cama
com uma pessoa que se detesta, ibidem;
e) Ir para a cama
sozinho;
f) Beber uma bela
golada de rum da garrafa que se guarda no quarto para situações de emergência e
optar por uma qualquer das alternativas anteriores;
g) Aproveitar a
chuva e o rum para tomar decisões sobre o futuro próximo: Maldivas, Panamá ou
Inglaterra;
Notas:
- As alíneas d) e e) são intercambiáveis. Isto é, dependem muito da idade da pessoa que deve fazer a escolha. Normalmente, quanto mais novo mais d) e quanto mais velho mais e);
- Não sei porque é que a chuva ajuda a tomar decisões, mas é uma coisa que se vê em todos os filmes e livros sérios que abordaram a questão. O rum ajuda, sem sombra de dúvida;
- A alínea f) devia ser anterior a todas as outras, mas se fosse não conseguiria dar-lhe a forma que, ao fim de muito pensar, encontrei e me parece adequada.
Claro que cada uma
destas alternativas tem várias objecções de várias ordems: moral, prática,
exequibilidade, interesse, etc.
As alternativas c) e
d), por exemplo serão decerto o objecto da ira de muita gente; de mais gente
ainda, a b); e) será aprovada por uma multidão e desaprovada por outra, quando
na realidade será a única, de qualquer foma.
Tudo isto enquanto
se deve pensar no futuro próximo: Inglaterra, Maldivas ou Panamá?
A única maneira de
resolver é uma boa golada de rum, seguida de outra boa golada de rum, e assim por diante até se acabar o rum. Nessa altura a solução deixará de nos aparecer como uma solução, e apresentar-se-á como uma evidência, que é um dos destinos das soluções.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.