Um bocadinho de frio não faz mal, antes pelo contrário. Espicaça, estimula, refresca, faz-nos andar depressa.
A viagem foi longa e demolidora. Em Newark preferi comer um bacalhau a ir passar uma hora ou duas em Nova Iorque. Erro. O bacalhau não estava grande coisa, e o preço não teria sido muito diferente do que acabei por pagar na Adega Grill, um restaurante no qal se pede bacalhau assado e a encantadora rapariga brasileira que nos serve pergunta "com arroz?" Valeram os dois copos de Duas Quintas que bebi com o Júlio Quirino, que de repente se sentou ao meu lado, vindo de Évora.
O ARTIC FRONT está em Napa Valley, em plena região vinícola. Quando vamos almoçar ou jantar, M. (o armador) e eu passamos por extensas vinhas que me fazem lembrar a França. Como o barco é um espécie de AQUARELLE ligeiramente maior acho que sim, corresponde, está em ordem.
O AQUARELLE foi o primeiro barco como qual trabalhei para mim. Era um cofre-forte de 35 pés, com dois camarotes e linhas cuja função não eram fazer o barco andar, mas manté-lo a flutuar acontecesse o que acontecesse, viesse o que viesse.
Foi com ele que comecei uma empresa de charter nos Açores. A vida dá voltas como um tipo com cálculos renais se contorce e esperneia na cama. Espero que a hipótese de Marx sobre a repetição da história não se lhe aplique.
Mas é-me simpático, apesar da sua enorme capuchana - as capuchanas estão para as embarcações como as marquises para os prédios - das caixas enormes com que M. encheu o convés, das duas demãos de tinta de que precisa (e vai levar, quando chegarmos a Quepos).
Vai ser a minha casa, até encontrar uma em terra.
Agora há trabalho e muito, para levar esta coisa até lá.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.