Tarzan enganou-se de banda desenhada e deu por ele com Olívia Palito a agarrar-se-lhe à cintura com unhas, dentes, mãos, cabelos e mais tudo o que nela podia ser preênsil. "Agarra-me, Tarzan, agarra-me", dizia-lhe ela de dois em dois minutos, ou de dois em dois ramos (o que viesse primeiro).
Tarzan fartou-se de a ouvir, claro. "Agarra-me, agarra-me" não é a mais bonita das declarações de amor e de qualquer forma ouvir sempre a mesma coisa cansa, até um surdo o reconhece. Largou-a, mas desequilibrou-se e caíu. Tarzan no chão é como Popeye em terra.
Falta Jane. Ninguém se lembra dela, coitada. Faz strip-teases na selva, para chimpazés (que a acham exótica) e gorilas (que não pensam nada porque têm uma pila demasiado pequena para pensar).
Foi uma confusão na cartoonlândia. Jane (coitada, ninguém a manda ser loira) não suporta o cheiro do cachimbo de Popeye, que entretanto se lembrou dela; Olívia largou Tarzan porque o verde não é, definitivamente, a sua cor (e se cansou de dizer "Agarra-me").
Lá fora a vida corre. Fritz the Cat tenta comê-la e apercebe-se, pela primeira vez em muitos anos, que ela se lhe escapa. Chama Mandrake, mas este quando chegou tinha a cartola gasta, já se lhe viam os coelhos todos. Ninguém o levou a sério.
Alguém se lembrou de chamar Andy Capp, mas estava demasiado ocupado a tentar distinguir a lua do sol. Barbarella masturbava-se a ler a Vogue; alguém, já não sei quem, tocava uma sinfonia de Mahler; alguém pensou na Mafalda, mas achou-a demasiado jovem para este filme.
Faltam alguns miúdos, um marinheiro maltês, outro que diz "todas putas, excepto a mamã" e por aí fora até a garrafa de vinho se esgotar.
Tudo se esgota, até o Roger Rabbit.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.