24.6.13

Diário de Bordos - Évora, 24-06-2013

Percorri finalmente o trilho do aqueduto da Água de Prata. O passeio é agradabilíssimo, um longo carreiro pelos campos. À boa maneira portuguesa aquilo desemboca na estrada, sem qualquer espécie de aviso. Sai-se do campo para a berma da estrada nacional e oops, já está, au revoir Messieurs Dames, merci de votre visite.

Fiz o percurso (enfim, parte dele) a pensar em como seria aquilo se estivesse na "Europa": sobre-humanizado, bermas arranjadas, informação de vinte em vinte metros, barreiras de segurança. Nada disso ali: há partes do trajecto em que nem o carreiro se vê; a informação é escassa, e a pouca que há naquele dialecto científico, cheio de termos que nos fazem ver quão sábios são os senhores e senhoras que a escreveram.

Confesso que prefiro o método luso-científico, igualmente conhecido por negligência, deixa-andar, desinteresse, eleições-à-porta. Afinal se vamos passear para o campo é para estar no campo, não num jardim do Arquitecto Ribeiro Telles.

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O português dos painéis informativos é irritante porque afasta as pessoas, cria barreiras onde não as devia haver.

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Mais um restaurante para a lista de oferta Eborense. Chama-se  O Sobreiro, fica na Rua do Torres, 8 (perto da Vodafone). Comi umas migas com carne de alguidar que não me deslumbraram mas deixaram-me com vontade de explorar a carta mais a fundo. Deve haver um tesouro ou dois, por ali.

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Quase uma semana de sono, verde, amizade e ausência de mar (se bem continue a tratar dos assuntos do barco por telefone e e-mail. Um refit, por pequeno que seja é pior do que um casamento, mais invasivo e presente). Foi bom. Volto para Lisboa contente, leve e a esperar a data de regresso ao Panamá. Deve ser para isso que servem as férias: para ansiarmos que acabem. Ainda não anseio pelo fim destes dias em Portugal, longe disso. Mas menos longe do que há uma semana.

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