É preciso imaginar uma estrada muito bonita, estreita mas arranjada, lisa, com as linhas bem visíveis; contorce-se como um daqueles gajos do imobiliário a receber pontapés nos tomates de minuto a minuto. Poucos são os bocados que têm cem metros a direito e planos.
Tal como o senhor do imobiliário está rodeada de beleza; mas ao contrário das que normalmente o rodeiam é uma beleza selvagem, que só por vezes se mostra civilizada - áreas desflorestadas para pasto, geralmente. O resto é floresta tropical, selvagem, luxuriosa, sensual, voluptuosa, violenta. E é assim durante quase hora e meia.
Sai-se do alcatrão e entra-se numa estrada de terra batida. A flora muda - tenho pena de não saber identificar e nomear a mudança - torna-se menos densa e há palmeiras, coisa que antes não se via.
No fim está a marina de Turtle Cay, setenta postos de amarração, água e electricidade. Um pequeno (e bom) restaurante debaixo de um telhado de palma, uma praia linda e praticamente deserta - é isto.
E é nisto que está um Peterson 37 chamado PURA VIDA que é neste momento aquilo que de mim mais se aproxima de um objecto de desejo. Mas isso fica para depois.
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No caminho enganei-me e passámos pelo Canal. A ponte fica nas eclusas de Gatun, e tivemos de esperar que passassem dois navios.
Aquilo que o homem pode fazer da natureza - aquilo em que ela se transforma devido à força, à inteligência, persistência do homem - é esmagador. E ainda mais esmagador pensarmos que não controlamos nem uma pequena parte dela.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.