Estás muito ocupada?
Eu não.
Esperar no hotel
onde todos os dias venho tomar o pequeno almoço
que passe o engarrafamento nas ruas não é
uma ocupação séria a sério, pois não?
Mesmo que se façam apresentações de projectos, ou
se pense
no que se tem de fazer, ou
se imagine como seria a vida
se o ar condicionado não estivesse tão frio ou
o transporte instântaneo já tivesse sido inventado ou
não tivéssemos as abençoadas palavras para nos vingarmos,
paredes para pintar,
barcos de vela para reparar e encher e
comprar e Panamianos com quem lidar e
facebooks intempestivos, procurar um electricista,
controloar o carpinteiro, comprar material, percorrer esta cidade
que não foi feita para ser percorrida, dizer ao veleiro que não, não tenho dacron, enviar o mail
ao shipchandler, tentar não perder o norte e pensar nas dores de cabeça literais
e metafóricas nas quais isto tudo se banha como em banha
da cobra.
Estás muito ocupada? Eu não.
(Para a Marina Tadeu, mãe, poeta e empatia londrina)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.