Tempestades interiores, exteriores, alheias; tempestades, tempestades e demónios daqui e dali. Os tempos vão complicados.
Hoje parti um varandim ao sair da rampa. A minha primeira reacção foi pensar que a responsabilidade era minha e a culpa do desgraçado que estava nos cabos, no carrinho. É mentira. A culpa foi minha (a responsabilidade é sempre, escusado mencioná-la). Felizmente os estragos são menores do que à primeira vista pareciam. Não é com bom tempo que se vêem os bons marinheiros. Ne pas se laisser aller; don't let go; não arreies.
Ontem chegou M., o novo skipper (a empresa para a qual trabalho comprou mais dois barcos, preciso de uma pessoa fixa). Se houve uma coisa que correu bem nesta viagem (houve muitas, na verdade) foi a tripulação. M. vem juntar-se a uma longa lista de tripulantes magníficos que me acompanharam desde San Francisco, e manter-lhe o nível.
Tento lembrar-me de todas as tripulações com as quais naveguei e penso que no fundo tenho razão para ser optimista. É certo que nunca estive tanto tempo seguido com tripulantes tão bons; mas aqueles que até hoje me desgostaram, desiludiram, enganaram foram muito poucos, uma esmagada minoria. Noventa por cento de sorte e dez de intuição. Agradeço a sorte e aprecio a intuição.
O bom marinheiro não arreia mas sabe quando deixar correr.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.