As prisões têm nome, os nomes cores, as palavras esperam, as esperas palavreiam. Nada é como devia ser: palavras sem nome, nomes sem esperança, cores sem prisões. Seria preciso ensinar as palavras a viver sem esperança; impossível. As cores sem vida, a vida sem cores, as prisões sem o azul do mar, o calor, por exemplo. A humidade, irmã mais nova da humildade, ou o vento.
Numa palavra a liberdade pegajosa repelente liberdade. Numa palavra as palavras todas: liberdade, esperança, mar, cores. Numa palavra a vida toda, o tempo. Tu.
Tu numa palavra numa redoma numa nuvem tu sorris por vezes triste tu redonda tu.
No vento os cabelos no olhar o vento nas mãos o mágico brinquedo o medo. Numa palavra tu a quem o mundo deu o nome vida vento cor culpa espaço espaço espaço tempo. Numa palavra.
Ser.
És, sou, somos a cor entre silêncios, o medo entre palavras, a espera entre ventos.
Há o mar as prisões as palavras os interstícios por onde por vezes jorra um fio uma luz uma palavra. Tu.
Ou lua, também há a lua, fenda prateada do vento. Há tudo numa palavra. Ou seja: tu.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.